Médico reclama de ‘calote’, chama Jeferson de ‘bandido’, pede que o povo ‘acorde’ e escolha um prefeito melhor

Seis médicos denunciaram que sofreram "calote" ao prestar serviços no Hospital de Madre de Deus.

Hospital Dr. Eduardo Ribeiro Bahiana em Madre de Deus (Foto: Bahia Manchetes)

O médico cardiologista Leonardo Coelho reclamou do “calote” que levou da empresa que administrava o Hospital de Madre de Deus, chamou o prefeito Jeferson Andrade de “bandido” e pediu para população “acordar”, “abrir o olho” e escolher um prefeito melhor. Ele disse ao Bahia Manchetes nesta sexta-feira (6) que trabalhou durante a gestão da Associação de Proteção a Maternidade e a Infância de Castro Alves (APMI).

Para o médico, o gestor está promovendo “um descaso total no município”, disse ainda, que saiu do Hospital, mas não recebeu por três meses de salário.

“Me desliguei do quadro médico do Hospital, decepcionado com a gestão desse prefeito Jeferson que deve tá fazendo milagres… Alguma mágica para o povo de Madre de Deus não enxergar que esse prefeito aí é um bandido”, dispara.

Segundo ele, Jeferson é um “gestor que não honra seus compromissos” com terceirizados e com aqueles que cooperam com o município ao citar os médicos como exemplo.

“Veja a situação que está a classe médica que tanto faz e tanto fez pela população de Madre de Deus, nunca deixou desamparado nenhum cidadão”, lamenta.

O cardiologista descreve como “vergonha”, “falta de respeito dessa gestão” que não quer nem saber e “dá calote mesmo na cara dura”.

“Eu espero que a população de Madre de Deus aí,  acorde, abra os olhos e só coloquem pessoas para ocupar à prefeitura que gostem da cidade, que tenham Madre de Deus no coração e não entrem na prefeitura apenas para enriquecer, para promover vantagens pra si mesmo: tanto lucrativas, com recursos, querendo se promover à custa do município”, alerta.

Ele lembra que deixou a unidade no final de dezembro de 2018, e que, a dívida em valores atualizados é de quase R$ 30 mil.

Na opinião do médico, a APMI com a participação da prefeitura “promoveram o calote”  nos  prestadores de serviço durante a gestão de Jeferson Andrade.

Ele relata que trabalhou assim como todos os médicos: “Com amor à camisa, com amor a profissão e também com a dignidade de prestar um bom serviço à população de Madre de Deus, como fizemos e iremos fazer em qualquer município que iremos trabalhar.”

O cardiologista Leonardo Coelho aponta ainda que o interessante é que na gestão de Jeferson “só entra empresa caloteira, pra dar colote em qualquer ramo de atividade profissional”, e que, recentemente a APMI deu calote nos médicos que prestavam serviço em Simões Filho.

Por fim, ele declara que estão buscando a justiça para “reaver o nosso suor em dias e noites de trabalho perdidos” que ajudaram nos cuidados da saúde da população do município.

O médico clínico Vitor Cunha Fontes disse a reportagem que também trabalhou no Hospital Municipal durante a administração da APMI. Ele conta que ouvia relatos de colegas sobre atrasos nos pagamentos.

“Depois que eu percebi que com o mês passando, eu trabalhando e sem receber, aí eu decidir sair do corpo clínico de lá, e sair de lá com um total de 3 plantões de 24 horas. Porque na época era só um clínico que ficava de plantão”, disse.

Ele conta ainda que prestou serviço a unidade há ano, acionou a justiça, mas não recebeu nenhuma resposta ou tentativa de pagamento.

“Nem com relação a direção do Hospital, nem com a secretaria de saúde do município e muito menos com a empresa”, asseverou.

O médico ressalta que assim como ele, vários colegas que prestaram serviço à unidade, ficaram sem receber salários. Ainda conforme o profissional, o Hospital Municipal ficou com uma “reputação muito ruim entre a classe médica” que por conta do  histórico nos grupos de médicos é proibido divulgar plantões da cidade. Ele explica que além da empresa não pagar a prefeitura também não se posiciona.

Questionado se depois de sofrer “calote” ainda teria interesse em trabalhar na cidade, ele foi enfático ao responder: “De forma nenhuma, mas de forma nenhuma, porque como eu falei a gente sobrevive do que a gente trabalha. E a gente trabalhar sob condições estressantes que a profissão já nos traz, a gente ter a responsabilidade da saúde e na doença do outro, e a gente trabalhar sem receber? impossível!”

Ele justifica que vários profissionais de saúde tem o mesmo pensamento sobre o município, acrescentando, que o Hospital Municipal Dr. Eduardo Ribeiro Bahiana “não é um bom destino para nenhum médico hoje em dia entre os grupos” de aplicativos de celular que ele faz parte.

“Ninguém mais passa plantão no Hospital de Madre de Deus porque a gente já sabe que vai ser um plantão que muitas vezes é um plantão carregado”, diz.

Ele completa afirmando que quando trabalhava era um médico para resolver tudo durante 24 horas. “E a gente não vai receber, como assim? Então é um Hospital que eu com certeza, não trabalharia de novo”, reforçou.

O médico clínico Vitor Cunha Fontes afirma que o histórico de “calote” gerou uma repercussão negativa, e que, nenhum dos médicos dos grupos que ele participa quer trabalhar no município.

“ Eu não sei nem como os colegas continuam trabalhando no Hospital. Não sei se estão recebendo, mas o que eu vejo, o que eu participo nos grupos de outros colegas é que não existe nenhuma vontade dos colegas, nem de passar, nem de aceitar que seja propagado vagas do Hospital de Madre de Deus”, aponta.

Ele relatou ainda que o problema de falta de médicos na atenção básica afeta todo o Brasil, mas não tem dúvidas que a fama de cidade “caloteira” tem prejudicado muito na contratação de profissionais de saúde para a cidade.

“Você entra no mercado de trabalho, você acaba ouvindo de praticamente a maioria dos seus colegas dizendo: ‘não vá para aquele lugar porque aquele lugar dá calote’. Você não vai”,disse.

Ele finaliza apontando que quando os médicos sabem sobre cidades que não pagam por serviços prestados não quer se arriscar, “tendo em vista que tem outros municípios que paga bem, que pagam na data certa”.

A Associação de Proteção a Maternidade e a Infância de Castro Alves (APMI) ainda não se posicionou oficialmente sobre sobre o caso, mas o espaço está aberto para manifestações.

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