Disputa pela presidência da Câmara pode rachar base do prefeito Jeferson

Nos últimos dias, começou um jogo de empurra, nos bastidores, sobre qual dos governistas deve assumir a presidência em 2019.

Faltando pouco mais de uma semana para a eleição da mesa diretora da Câmara de Madre de Deus, aliados do prefeito Jeferson Andrade ainda não chegaram a um consenso sobre a escolha do novo presidente. A disputa pelo comando da Casa tende a deixar fissuras na relação entre os aliados, colocando em xeque a governabilidade do alcaide.

Nos últimos dias, começou um jogo de empurra, nos bastidores, sobre qual dos governistas deve assumir a presidência em 2019. Enquanto o vereador Anselmo Duarte (DEM) diz que têm os votos da maioria da base, o parlamentar Paulinho de Nalva (PRB), conta com apoio de vereadores da base e oposição.

Na última terça-feira, vereadores do PPS se reuniram para definir o posicionamento do partido que “fechou questão” que os parlamentares da legenda deverão seguir as determinacões do Bloco Parlamentar formado por  três vereadores  do PPS e um do PSL. O Pastor Melk (PPS) não participou da reunião.  O tema provoca divergências dentro do PPS, que vai compor a base de apoio a Paulinho. Contudo, Anselmo já conta com o apoio de Melk. A preocupação de aliados é que o embate entre governistas favoreça a oposição.

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Essa tensão entre os dois lados pode contribuir para um racha no grupo liderado pelo prefeito Jeferson. Foi em um cenário de disputa e sob uma preferência velada do governo em favor de um nome que provocou uma crise entre aliados no qual o ex-vereador Jeferson Andrade (atual prefeito) foi eleito presidente da Câmara em 2010.

Na época, a briga pelo comando da Casa foi parar na justiça. A disputa envolveu uma articulação entre três vereadores da base e dois de oposição, o confronto,  reconfigurou o cenário político no município. Os opositores assumiram o comando do Legislativo, logo depois, o poder Executivo.

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Antes de Anselmo ganhar força, os nomes dos vereadores Renato de Martins e Cláudia Copque eram ventilados, mas em pouco tempo foram vistos somente como “balões de ensaio” para testar a viabilidade eleitoral e valorizar o passe.

Apesar de o PRB já ter ensaiado uma rebelião na base contra a possibilidade de indicação de um nome que não seja o de Paulinho, aliados garantem que o clima é de “tranquilidade”, mas admitem que a disputa causará “desgaste e ranhuras”. Correndo por fora, o candidato do PRB, por ora,  aglutinou os votos do partido e o da bancada oposicionista, ele empolga quem gostaria de ver mais uma vez um novato assumir o comandando da Casa.  No plenário, apoiadores apontam Paulinho como um nome leve para o cargo. De poucas palavras na tribuna, o vereador conquistou os votos de forma silenciosa e aparece como um dos protagonistas na disputa.

Por outro lado, o argumento que depõe a favor do vereador do DEM é que, com ele no comando, não haverá “sustos” para o governo em relação à pauta da Câmara. Anselmo é considerado pelos próprios colegas um dos vereadores mais experientes da Casa, já foi presidente por duas vezes, e ficou no comando do Legislativo por 7 meses, quando Jeferson assumiu a prefeitura de forma interina.

O vereador Anselmo, em entrevista ao Bahia Manchetes, defendeu a união e ponderou o clima de rivalidade.

“Muitas das vezes é preciso uma pessoa experiente, certo?! Mas todos tem direito a chegar [a presidência] seja quem for, com tanto que faça o melhor pela nossa Câmara e pelo nosso povo”, disse.

Questionado pela reportagem se a intenção dele era fazer um candidato da base sem o apoio da oposição, ele descreveu como um “processo natural” já que os governistas contam com 8 votos na Casa. Em seguida, ele justifica que nos últimos anos o chefe do poder Executivo elegeu os presidentes com os votos da base, disse ainda, que tinha seis votos no primeiro biénio.

“Eu estava eleito, praticamente, presidente de Câmara! Com 6 votos, 3 da base e 3 da oposição. Ele [prefeito] virou pra mim e disse não! Eu disse a vocês que se articulassem entre vocês e respeitassem os próximos”, lembrou o democrata.

Para Anselmo, independente de ser vereador da base ou de oposição, todos merecem “respeito”, e antecipa que se for eleito vai unir o poder Legislativo no que chamou de “corporativismo” entre vereadores.

Interpelado sobre os projetos futuros que movem a disputa entre ele e Paulinho, o vereador  foi enfático ao afirmar que o projeto de Paulinho não é dele, mas do vice-prefeito Jailton Polícia (PRB).

” Eu posso ser mal interpretado no que vou dizer aqui… Eu só tenho uma diferença, que o projeto de Paulinho não é o dele, é do vice[prefeito Jailton] certo?! E no meu caso, se caso assim Deus permitir, que eu possa chegar a ser um pré-candidato a prefeito, até pela historia,  pela quantidade de mandatos. Não só de mandatos como vereador reeleito,  também como presidente da Câmara. Com a experiência, eu saiu na frente”, afirma.

Em seguida, ele pondera a disputa interna, ressaltando que independente de quem for o candidato a prefeito do grupo em 2020, tem que ser respeitado.

O vereador  disse ainda que existem “bons nomes” no grupo, mas que precisam “colocar os pés no chão” e ter aprovação popular. Sem citar nomes, ele alfineta os adversários na disputa pela presidência  ao reforçar que os votos de oposição estão concentrados em Dailton Filho.

“Não adianta ninguém aqui vir dizer que vai ser oposição ao prefeito Jeferson sendo da base, porque não vai chegar a uma presidência, pra mim isso tudo é falta de habilidade política. E política foi feita pra você, ter muita calma pra tomar uma decisão”, completa Anselmo.

Procurado, o vereador Paulinho de Nalva, não quis se pronunciar sobre a disputa.

 

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