“A gente sempre tem um grupo que a gente posta as cidades mau pagadoras, Madre de Deus por enquanto é a campeã: pelo assédio moral, pelo desrespeito à funcionários e pelo calote, essa prática abusiva deles”. É assim que o Doutor Alan Silva descreve parte de sua experiência na cidade compartilhada entre médicos depois de trabalhar no Hospital Municipal na administração do Instituto de Gestão Saúde e Tecnologia (IGST) e levar “calote”.
Segundo ele, o grupo de cobrança foi criado num aplicativo de mensagens no celular, no qual a cidade “está no topo da lista” na região entre os municípios que não gostam de pagar. A declaração foi dada em entrevista ao Bahia Manchetes na manhã desta sexta-feira (28).
De acordo com o médico, desde que começou atuar na profissão, trabalha em Salvador e no interior, mas essa é a primeira vez que isso acontece com ele.
Ele relata ainda que estava trabalhando há quase um ano Hospital Municipal e que até então estava tranquilo. Porém, em setembro, outubro e novembro de 2019, houve redução no quadro de médicos e atrasos de pagamentos. Ainda conforme o profissional, “começou virar uma bagunça” e “ninguém queria mais trabalhar lá” no Hospital.
“Como eram dois clínicos, eu também trabalhava com salário de um por dois, e o que acabou acontecendo foi que trabalhei dobrado, nesses meses todos, e no final me demitiram horas antes de dar o próximo plantão, e até hoje não recebi nenhum dinheiro”, disse ao afirmar que ficou sem receber três meses de salários.
Doutor Alan conta que teve que assumir outras áreas como pediatria e ortopedia devido à pressão que sofreu na unidade.
“Fiquei sobrecarregado, ou eu trabalhava dobrado pra eles ou era mandado embora. Recebi muita pressão do coordenador médico”, disse.
Ele acrescenta que se reuniu no município com a diretora do Hospital e com vereadores, mas não obteve sucesso: “Ficam na promessa de pagar, mas até hoje nada”.
O médico também reforça as declarações proferidas pelo doutor Lucas Rodrigues que havia afirmado, anteriormente, que não foi procurado pela atual Secretária de Saúde, Naiara Cardoso.
“Ninguém entrou em contato com ninguém. Ninguém procurou ninguém, nem satisfação, nem uma conversa, nada”, diz.
Ele destaca que espera que a situação seja resolvida da melhor forma possível, justificando, que precisam receber pelo serviço prestado ao município.
“Até porque eles [do Hospital] continuam fazendo esse tipo de prática, contratam médicos, trabalham por três meses, depois mandam embora sem justa causa e ficam devendo. E assim, eles vão empurrando com a barriga”, asseverou.
Doutor Alan afirmou ainda que muitos médicos solidários aos colegas que prestaram serviço ao Hospital não querem trabalhar na cidade enquanto a situação não for resolvida. Ele completa, apontando que o diretor médico está buscando profissionais de saúde recém-formados em outros estados, já que a cidade ganhou fama de “caloteira” na Bahia.
A unidade de saúde ainda não se posicionou oficialmente sobre o caso, mas o espaço está aberto para manifestações.
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