PT reafirma candidatura de Lula e diz que principal tarefa é lutar pela liberdade

Lula conversou com seus apoiadores mais fiéis e tentou organizar o partido para o período em que estivesse preso.

Após decisão judicial, OAS terá que devolver a Lula valores pagos por ‘tríplex’ (Leonardo Wen/Folhapress)

Na primeira reunião depois da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, a Executiva Nacional do PT reafirmou a candidatura ao Palácio do Planalto do ex-presidente, mesmo que, por ter sido enquadrado na lei da ficha limpa, Lula venha a ter sua candidatura impugnada.

Segundo a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, uma das resoluções da Executiva, que se reuniu em Curitiba, onde o ex-presidente está preso, é a reafirmação da candidatura de Lula à Presidência.

“Ele é nosso candidato sob quaisquer circunstâncias. Aliás, entendemos que a liberdade de Lula é a candidatura efetiva à Presidência do Brasil. Vamos lutar muito pela candidatura do Lula”, disse Gleisi.

Em nota, a Executiva reafirmou a candidatura de Lula e que esta será registrada em 15 de agosto, data limite para isso.

“A principal tarefa do PT é lutar pela liberdade de Lula, em ações coordenadas com outros partidos políticos, movimentos sociais, frentes, organizações e personalidades de todo o Brasil e de outros países”, diz o texto.

A rapidez do juiz federal Sérgio Moro em mandar prender o ex-presidente apenas um dia depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou um habeas corpus preventivo, surpreendeu o partido e desorganizou o planejamento interno. Nas quase 48 horas que passou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, antes de se entregar à Polícia Federal, Lula conversou com seus apoiadores mais fiéis e tentou organizar o partido para o período em que estivesse preso.

Segundo uma fonte que acompanha as conversas, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad —presença constante ao lado de Lula nesse período— recebeu a missão de continuar conversando com os demais partidos de esquerda, do PDT de Ciro Gomes e PSB, agora com Joaquim Barbosa, ao PCdoB e PSOL, que, com Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos, passaram os dias em São Bernardo com Lula.

Haddad, que é tratado como um possível plano B do PT no caso de Lula não ser candidato, já vinha, a pedido do ex-presidente, conversando com os partidos, com vista a uma hoje ainda remota possibilidade de uma aliança ampla de esquerda. Presidente do partido, Gleisi foi nomeada porta-voz oficial da legenda nesse período conturbado.

Em conversas com um grupo muito reservado, Lula já admitiu que não terá como ser candidato e ungiu Haddad como seu sucessor no papel de presidenciável, mesmo que à revelia de boa parte do partido, mas também admitiu a possibilidade de negociar alianças.

Essa decisão, no entanto, não saiu de um grupo muito restrito e, nesse momento, com o ex-presidente preso na Polícia Federal, o assunto foi tirado de cena.

“Ninguém falou de futuro político naquelas horas. Nesse momento o que tem de se fazer é reafirmar a candidatura de Lula. Qualquer coisa contrária enfraquece a defesa do presidente e divide o partido”, analisa um petista de alto escalão.

Em seu discurso de despedida, em São Bernardo, o ex-presidente elogiou Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos, o que foi visto por alguns como uma indicação de que eles seriam seus herdeiros políticos —os dois eram os únicos a estarem com Lula o tempo todo. Analistas, no então, dizem que é preciso cautela nessa interpretação.

Ciro Gomes, do PDT, estava nos Estados Unidos, mas agora diz que vai visitar Lula na prisão.

Haddad, discretamente próximo do ex-presidente o tempo todo, também foi citado, com menos ênfase. Com informações da Reuters. 

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