Maduro diz que não é ‘mendigo’ e que está disposto a comprar comida do Brasil

Em seu discurso, Maduro diz que está mobilizado em apoio à institucionalidade e em defesa da paz da Venezuela.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, faz pronunciamento após fechar fronteira para evitar ajuda humanitária — Foto: Manaure Quintero/Reuters

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, discursou na tarde deste sábado (23), na cidade de Caracas, para apoiadores. Em seu pronunciamento, Maduro afirmou que opositores que tentam entrar com ajuda humanitária são ‘traidores’.

“Minha vida é consagrada totalmente à defesa da pátria, em qualquer circunstância. Nunca me dobrarei, sempre defenderei a minha pátria com a minha vida, se necessário for. É uma ordem que dou ao povo, aos militares patriotas, a todas as forças armadas bolivarianas. Se vocês amanhecerem um dia com a notícia de que fizeram algo com Nicolás Maduro, saiam as ruas”, afirmou.

Em relação ao Brasil, Maduro disse que os venezuelanos não são maus pagadores. “Estamos dispostos como sempre estivemos a comprar todo o arroz, todo o açúcar, todo leite em pó que vocês quiserem vender. (…) Não somos maus pagadores, nem mendigos, somos gente honrada e que trabalha. Querem o que? Trazer caminhões com leite em pó? Eu compro agora”, disse.

Maduro também chamou a ajuda humanitária de “brincadeira de enganar bobo”. Ele criticou diretamente a qualidade e quantidade da ajuda. “Dois mortos que comeram dessa comida, centenas de pessoas envenenadas. Comida cancerígena, podre. E a quantidade? Se toda fosse distribuída, não chegaria nem a 15 mil municípios”, disse Maduro.

“Estão bloqueando remédio, alimentos. Eu dei a lista completa das nossas necessidades e disse também vamos coordenar com a ONU, para ver se vocês cumprem essa oferta. (…) Será aceita a ajuda humanitária, se for legal. Não sou mendigo de nada, para título de mendigo fale com Guaidó”, afirma.

O presidente venezuelano exaltou a importância da defesa das fronteiras, citando o fechamento como a mais importante ação em 200 anos.

Conclamando o povo, alertou que não é tempo de traição e atacou o presidente autoproclamado, Juan Guaidó, desafiando que ele convoque eleições.

Durante o discurso, Maduro também criticou as ações na fronteira e a participação dos Estados Unidos. “Ajuda humanitária? A quem Donald Trump ajudou na vida dele?”, afirmou. Ainda acusou os EUA de tramar golpes para interferir no poder da Venezuela e diz que um pequeno grupo sequestrou os rumos da oposição.

“Eles não têm vontade própria. O que aconteceria com a Venezuela se caísse na mão dessa gente?”, disse. “Minha vida está consagrada à defesa da pátria. Em qualquer circunstância. (…) A ordem que dou ao povo e aos militares patriotas: se algum dia vocês amanhecerem com a notícia de que fizeram algo contra Maduro, saiam às ruas”, disse.

Fechamento de fronteira e protestos

A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada na noite desta quinta-feira (21), após Nicolás Maduro determinar o bloqueio por tempo indeterminado. Grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h em Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar após o horário definido por Maduro.

Na manhã deste sábado, manifestantes protestam contra policiais na cidade venezuelana de Ureña, na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia. Eles incendiaram um ônibus e atiraram pedras contra forças de segurança, que revidaram com gás lacrimogêneo. Segundo a agência de notícias EFE, há pelo menos um ferido.

Também houve embates entre líderes indígenas e militares venezuelanos nesta sexta-feira (22) em Kumarakapay, na Venezuela, a cerca de 80km da fronteira com o Brasil. Segundo informações dadas por líderes indígenas e parentes de vítimas à agência de notícias Reuters, uma pessoa morreu e outras ficaram feridas. Com informações do G1.

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