“Estou passando dificuldade”, diz taxista de Salvador sobre crise e concorrência

 O taxista diarista comenta que paga R$ 450 por semana de alvará para continuar trabalhando com o taxi.

Oito taxistas de Salvador morreram com Covid-19 e 17 estão internados, diz associação (Foto : Bahia Manchetes)

Após protestos e confrontos com a chegada do aplicativo Uber, os taxistas de Salvador tiveram que se acostumar com a concorrência que parece estar por toda parte.Uber é o nome do aplicativo. Você se cadastra pelo celular e as cobranças das corridas vêm direto no cartão de crédito. Você informa onde está, para onde quer ir e pede o serviço. O motivo da resistência inicial  ao Uber, é a redução no número de usuários de táxi.

O que se vê na capital baiana,  são intermináveis filas de táxi, e poucos clientes. Como relata o taxista Tibúrcio Barreto, de 48 anos, sete deles como diarista.  O taxista  paga R$ 450 por semana de alvará para continuar trabalhando com o taxi. Segundo ele, além do Uber, a categoria disputa concorrência com serviços clandestinos, que aproveitam a falta de atenção dos fiscais, para ganhar um dinheiro extra. Ele diz que já pensou diversas vezes em desistir.

“Tenho 4 filhos, estou passando dificuldades. A maioria aqui é diarista, e tá todo mundo na mesma situação”, diz Tibúrcio  apontando para extensa fila de táxi no terminal rodoviário da capital.

Questionado sobre as corridas longas, ele disse que cada dia que passa fica mais difícil, revelando que ainda não conseguiu o dinheiro para pagar a diária.

Outro taxista, que prefere permanecer anônimo, disse que iria abandonar o serviço. Ele comenta que paga R$ 1 mil por mês com o aluguel da placa.

“Quando se coloca na ponta do lápis o almoço, combustível, e outros prejuízos no carro que acontecem ocasionalmente: não vale a pena  continuar na praça”, lamenta.

Na capital baiana são mais 7 mil taxistas que enfrentam a crise e o peso da concorrência.

De acordo com Rubens Jorge, de 65 anos, os clientes já entram no taxi reclamando do preço e comparando o táxi ao serviço da concorrência.

“Existe uma série de impostos e determinações que seguimos. Os clientes não devem  comparar o táxi com a Uber”, ele acrescenta  que apesar de ser dono do táxi, as coisas não estão “nada fáceis na praça”. Segundo ele, a carga horaria tem que ser maior se o taxista quiser levar dinheiro para casa.

“Eu rodo de domingo a domingo, o pessoal que é diarista, roda dia e noite para pagar R$ 450 por semana”, afirma Jorge, que é taxista há 15 anos.

Nos dois serviços, há uma corrida e um passageiro. Mas as exigências para os motoristas são bem diferentes. Para trabalhar, os taxistas precisam de carteira de habilitação especial, seguro para transportar passageiros, têm que fazer um curso preparatório, não podem ter antecedentes criminais e pagam pela licença do carro: os valores podem variar de R$ 5 mil a R$ 180 mil. E ainda há diversos gastos extras com o carro. Já para os motoristas do Uber, não há tanta exigência.

Um fiscal da Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador) que não quis ser identificado, diz que não acredita que o serviço de táxi deixe de existir, justificando que em Nova York, os táxis amarelos continuam funcionando. No entanto, já são minoria frente aos carros do Uber.

O aplicativo Uber está presente em 59 países e em mais de 250 cidades. A Cidade do México foi à primeira da América Latina a regulamentar o serviço. Os motoristas passaram a pagar taxas anuais. Em Londres, os táxis sofreram com o peso da concorrência.

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