O filme que contará a história de Suzane von Richthofen, previsto para o ano que vem, se concentrará mais no contexto do que nas consequências de seu crime – um dos mais lembrados casos policiais do Brasil.
Quem toca o projeto é o diretor Mauricio Eça. Em seu currículo, há o emblemático clipe de “Diário de um detento”, dos Racionais MC’s, e os dois filmes da franquia infantil “Carrossel”.
Da turminha de Maria Joaquina e Cirilo, ele partiu direto para “A menina que matou os pais”, anunciado na semana passada, com eco nas redes sociais. Com roteiro pronto, Eça diz que a trama deve mirar fatos que aconteceram antes da morte dos pais de Suzane. “A história todo o mundo conhece. O que as pessoas não conhecem é o que precedeu a história.”
Presa em Tremembé (SP), Suzane foi condenada a 39 anos de prisão por ter sido considerada mentora do assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, em 2002.
Os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, na época seu namorado e cunhado, mataram os dois a pauladas, enquanto dormiam. Há mais de um ano ela tenta a progressão de pena para o regime aberto.
‘A história ‘
A versão para o cinema foi construída com base em arquivos públicos do julgamento dos três envolvidos, desde o crime até a condenação. Detalhes do enredo são mantidos em segredo.
O diretor só diz que pretende abordar os motivos que moveram Suzane, então uma garota de 19 anos. Ele promete “detalhes e discussões nunca antes debatidos sobre o caso”.
“O fato novo é como [o filme] conta a história, e não o que conta”, esclarece a criminóloga Ilana Casoy. Ela assina o roteiro com o escritor de literatura policial Raphael Montes, de “Dias perfeitos” (Companhia das Letras, 2014).
Ilana é autora do livro “Casos de família” (Darkside, 2016), sobre a morte dos Richthofen e de Isabella Nardoni. Na pesquisa da obra, ela fez estágio informal na perícia de homicídios, teve contato com juízes e promotores, além de participar de julgamentos e depoimentos.
Por causa da proximidade com o caso, a criminóloga conta já ter sido procurada outras vezes por interessados em uma adaptação para o cinema. “Ninguém conseguiu fazer até agora, porque ninguém soube como contar. Nós conseguimos achar esse caminho”, diz.
“Temos grupos diferentes de espectadores. Um conhece o caso e vai querer saber como ele será contado. Outro, mais jovem, não acompanhou a repercussão. São públicos complementares.”Com informações do G1.
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