A recente saída de Jeferson Andrade (PP) da prefeitura e a posse de Jailton Polícia (PTB) começou a desenhar um novo cenário político em Madre de Deus. A cidade voltou a ser notícia em todo estado após o prefeito ser afastado por suspeita de improbidade administrativa.
A defesa recorreu, mas ainda não obteve um resultado positivo. O principal argumento que depõe contra Jeferson é o terreno localizado no bairro da Cururupeba. No local, que deveria ser o Parque Industrial, não existe nem vestígios do investimento de mais de R$ 2,4 milhões.
Quem passa pela região pode ver a cratera no período de chuva, porém, o “buraco é um pouco mais em baixo” e poderá causar mais do que prejuízos políticos. Jeferson emplacava uma campanha pessoal para minimizar a rejeição do longo período a frente do Executivo.
Com a dificuldade em manter os aliados, o grupo liderado por Andrade ainda não se recuperou das rupturas provocadas pelo perfil autocrático. Na dividida, novas correntes políticas que participam da disputa pelo poder passam a ganhar visibilidade, esvaziando a possibilidade de novas composições para os ex-governistas.
O espaço que será ocupado por novos aliados, reforça a oposição que passou por algumas turbulências no Legislativo. Opositores utilizam um discurso de polarização que busca o antagonismo entre aliados de Jeferson, que sem a estrutura governista, seguem a caminho do “ostracismo”.
No núcleo governista, a constatação é a de que o retorno de Andrade ao cargo na próxima semana pode destacar a réplica que vinha sendo ensaiada pela base aliada, o argumento de que a oposição torce contra a cidade.
Na Câmara, o clima de tensão pode ganhar um novo alvo da oposição, após áudios terem vazado em grupos de mensagens instantâneas e serem espalhados pelas redes sociais.
Nos áudios atribuídos, a Lorena filha da ex-prefeita Nita de Brito (PP) e pré-candidata ao Executivo, consta uma linguagem que rechaça a campanha de amor projetada pelos aliados na web.
Na mensagem em que, supostamente, Lorena teria dito que Jeferson voltou ao cargo por uma decisão judicial com críticas a oposição, encerrada na seguinte frase: “Agora tem que se lascar mesmo! Liminar foi suspensa, posse pra nada, posse pra nada, agora tem que se lascar mesmo.” Apesar da mensagem atribuída a ela ser amplamente compartilhada, Lorena não se manifestou sobre o caso.
A curto prazo, as declarações são classificadas por aliados como falta de maturidade política, embora, exista o consenso de que pode gerar um certo desgaste para Nita que ainda não conseguiu assumir o papel de líder no grupo.
Por outro lado, as ações adotadas por Jeferson contra o coronavírus, projetavam um trampolim político para o então gestor que implantou uma série de medidas que dificultaram a disseminação da doença na cidade. O ponto positivo, poderá ser esquecido, caso Andrade não consiga retornar ao cargo nos próximos dias.
Com três semanas de Jailton no poder, a nova configuração política cobrará um preço alto para Jeferson, que mesmo retornando ao cargo. Os aliados vão precisar intensificar as costuras para rechaçar a sombra de um novo afastamento. Por ora, no centro do tabuleiro, Dailton Filho (PSB) segue com uma base sólida, ampliando a ofensiva sobre os ex-governistas.
A declaração de Jailton durante a posse, garante o alinhamento do discurso oposicionista e renova a esperança de espaço político na estrutura administrativa. Ele também tranquilizou os funcionários ao informar que não haverá demissão em massa.
O posicionamento de Jailton pode ampliar as chances de novas composições com funcionários da prefeitura. No cenário atual, a decisão de expulsar o vice-prefeito criou um novo adversário, custando caro para Jeferson que pode “matar” o grupo político, e assim como Narciso, definhar diante da própria imagem, solitária no reflexo da vaidade.
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