Uma Indicação Legislativa da vereadora Joyce Lima (PRB) solicitando a implantação de um sistema de catracas nos ônibus universitários para identificar o portador do benefício de gratuidade em Madre de Deus nesta terça-feira (30) gerou uma discussão acirrada no plenário na Câmara Municipal em que os parlamentares Paulinho de Nalva (PRB), Claudia Copque (PSB) e Renato de Martins (PSD) admitiram que seus filhos utilizam o transporte gratuito no município. De acordo com Joyce, a identificação é para evitar a superlotação e dar uma maior segurança aos universitários e beneficiários do programa.
“Para que assim, haja um controle para que se evite os transtornos, e que, seja utilizado realmente por aqueles que neste momento precisam”, disse Joyce.
O vereador Val Peças (PSL), criticou o serviço ao afirmar que um ônibus foi apreendido na BR-324 pela Polícia Rodoviária Federal por superlotação que coloca “em risco a vida”, tanto do “condutor”, quanto dos “universitários”.
Marden Lessa (PCdoB) parabenizou Joyce pela indicação e aproveitou o ensejo para parabenizar o trabalho do Secretário Municipal da Juventude, Ericson Gomes, que ele classifica como uma “luta” a “frente da roteirização”.
Após apontar alguns problemas no transporte que precisam ser corrigidos, ele defendeu que pessoas que têm cargos públicos não deveriam utilizar o serviço.
“Nós que fazemos parte do poder público e aí eu vou colocar vereador, secretários, prefeito e vice-prefeito. Os nossos filhos não podem estar ocupando o ônibus dos universitários porque nós temos condição de pagar transporte para nossos filhos. É preciso a gente se colocar no lugar do outro também. A gente tá tirando o direito de quem realmente tem direito [sic]”, asseverou.
O vereador Kikito Tourinho (PPS), disparou uma série de críticas ao transporte universitário. A principal motivação foi que Ericson Gomes está “deixando a desejar” a frente da secretária.
“Imagine vocês que a [empresa] Asa Bela fornecia o serviço com ônibus mais novos, e que, quando foi concorrer com um valor bem menor, não ficou! Entrou a Brunus porque foi acordo político. E quem sofre com isso? Os universitários”, lamentou.
O edil acrescenta que muitas pessoas que não precisam utilizam o serviço, mas um jovem sofreu perseguição política por trabalhar com ele.
“[…] Trabalha com Kikito, mas ele se enquadra nos requisitos da prefeitura, uma pessoa necessitada, precisada, que o pai nem a mãe não trabalham, mas até hoje não entrou no programa. Teve que trancar, por quê, perseguição política. Porque não comungou, não concordou com o governo que aí está”, diz. E completa: “E tantos outros que são perseguidos por essa administração que infelizmente não tem compromisso com os jovens, só querem botar os deles, às panelinhas”.
Em seguida, Marden sugeriu que a comissão de educação solicitasse a relação dos universitários para identificar “todos aqueles que estão dentro dos critérios”, disse ainda, que alguns dos parlamentares podem estar tirando as vagas daqueles que precisam.
“Eu estou falando é da realidade, cada vereador ganha aqui R$ 7.550 é esse o salário? É o bruto, com descontos vai para 6 [mil] e poucos com empréstimos que nós temos vai caindo mais ainda, mas o bruto não é esse? E o pai de família que ganha uma salario mínimo, quem é que tem mais condições de pagar o transporte é eu ou o pai de família que ganha um salário mínimo?[sic]”, questionou.
Ainda Conforme Marden, todos os vereadores gostam de fazer pedidos aos secretários e ” a gente está contribuindo para essa superlotação”.
Depois disso, três parlamentares da base admitiram que seus filhos utilizam o serviço. Ao começar com o presidente da Câmara, vereador Paulinho de Nalva, que parabenizou as declarações de Marden e afirmou que seu filho utiliza o transporte universitário.
“Concordo com tudo que vossa excelência fala, meu filho pega o transporte universitário e realmente fica ocupando vaga de algumas outras pessoas que não tem condições […] eu já boto a vaga de meu filho a disposição”, disse.
A vereadora Claudia Copque afirmou que seu filho também usa o ônibus universitário por uma questão de compatibilidade no horário do transporte coletivo.
“Já chamei ele várias vezes. Não sou a favor que ele vá. E desde já, também coloco a vaga dele a disposição, porque brigando ou não, ele também vai dar a vaga. Agora se meu filho for resolver o problema dos universitários eu vou aplaudir”, declara.
Em seguida, Claudia aumentou o tom ao afirmar que o “erro” não esta somente no filho dela que pediu como um cidadão, mas está na Secretária Municipal da Juventude que têm deixado filhos de vereador e de empresários usar o serviço.
O vereador Renato de Martins, foi o último parlamentar a declarar que seus filhos utilizam o transporte universitário.
“Eu tenho filhos também que usam o transporte né… Mas como é um direito que antes a gente via que tinha e agora está esse questionamento. Eu coloco também a partir do momento que os outros vereadores, os filhos vão deixar de usar o ônibus, os meus também vão [sic]”, disse.
Por fim, Cláudia disse ainda que como vereadora também tem direito de ir no ônibus como estudante, mas não vai para dar oportunidade à outras pessoas.
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