Câmara pretende derrubar denúncia contra Jeferson Andrade em Madre de Deus

A oposição tenta emplacar o processo do prefeito com apoio popular, mas não existem garantias de Casa cheia.

Prefeito Jeferson Andrade (Foto: Divulgação/ Arte Bahia Manchetes)

A dois dias da votação da denúncia contra o prefeito Jeferson Andrade (DEM), marcada para próxima terça-feira (19) na Câmara de Madre de Deus, o poder Executivo prepara a articulação para barrar o pedido de afastamento, sem analisar o mérito da denúncia.  O governo já alinhou o discurso com a base para evitar “surpresas” no Legislativo.

Votações na Casa

As votações mais polarizadas ocorridas na Câmara desde o início desta legislatura, o governo contou com apoio de 8 vereadores em 90% das vezes ou mais. Para barrar o pedido de afastamento no plenário, os governistas precisam apenas evitar que mais 2 vereadores votem  com a oposição. Para que a abertura do processo de afastamento seja aprovada no plenário, são necessários os votos da maioria absoluta dos parlamentares (6). Como o presidente da Câmara não vota, a base tem 6 votos e a oposição teria no máximo 4 votos caso o governo assegure a base em rédea curta.

Na teoria, a oposição tem 4 votos a favor do pedido de afastamento do prefeito Jeferson Andrade (DEM). Na prática, as articulações seguem intensas nos bastidores do poder. Se o governo sentir sinal de perigo, poderá negociar cargos com vereadores e frear a denúncia feita por um morador ligado à oposição.

A bancada da oposição vota a favor do afastamento do Prefeito Jeferson Andrade (DEM) (Foto:Divulgação /Arte Bahia Manchetes)

Durante a sessão na última terça-feira (12), o vereador Pastor Melk (PPS) chamou o parlamento de subserviente.

“O legislativo precisa parar de viver essa subserviência tamanha, se inclinar o tempo todo. Não ter coragem de fazer o enfrentamento, às vezes nós fazemos enfrentamento dentro de casa, fazemos o enfrentamento com os amigos e o povo nos elege para estar na Câmara representando o povo. E aqui agente se acovarda porque não temos coragem de fazer o enfrentamento ou não temos coragem de ir para o tête-à tête com o prefeito”, disse Melk no dia que a Casa recebeu a denúncia contra o prefeito.

Vantagem governista

Jeferson tem, em tese, certa vantagem para barrar o processo que pede seu afastamento.

Por outro lado, entre os vereadores existe uma antiga insatisfação baseada na politica de esquecimento adotada pelo chefe do Executivo, e escancarada através de críticas à administração municipal na Câmara. Nada impede que parlamentares com alto grau de governismo mudem de lado na última hora. A ex-vereadora Tânia Pitangueira mudou de lado após embates internos.  Na época, o pai de Tânia-Edmundo Pitangueira era vice-prefeito de Nita.  O suposto acordo que beneficiou quatro vereadores em troca de votos para Presidência da Mesa Diretora da Câmara no biênio 2011 a 2012 foi celebrado neste mesmo período.

A oposição tenta emplacar o processo do prefeito com apoio popular, mas não existem garantias de Casa cheia.  A estratégia seria usar a força popular para mudar os votos de vereadores da base.

Cai cai balão…  

Caso a denúncia seja aprovada, com o afastamento do prefeito, o PRB é de longe o partido com maior retorno político. O vice-prefeito Jailton Polícia assume a prefeitura, além disso, a sigla tem possibilidade de conquistar outro espaço na Câmara em decorrência do envolvimento de Anselmo Duarte (DEM) no mesmo processo. Apesar disso, a bancada não quer assumir a responsabilidade de afastar o prefeito. Embora, se o cenário mudar sem o esforço do partido, a bancada não vai “renunciar” a oportunidade.

Vereadores do PRB ainda não definiram o voto.

De acordo com o presidente Municipal do PRB Claudson Nunes, a denúncia será analisada pelos vereadores do partido. Depois disso, eles deverão definir como votar. O presidente do PRB deixa claro que o assunto é delicado, e por isso, os vereadores ainda não se posicionaram. Apesar das declarações, do presidente do partido, os vereadores devem votar contra o processo. Com isso, o partido perde o apoio da oposição no segundo biênio.

Vota ou não vota

Claudia Copque o voto é incerto e Anselmo Duarte será impedido (Foto: Divulgação/ Arte Bahia Manchetes)

A vereadora Cláudia Copque (PSB) não será impedida pela oposição, eles esperam  que ela vote a favor do processo. Porém, longe dos holofotes, ela esta alinhada com um grupo político na Câmara. Resta saber, se eles têm o mesmo objetivo.

O vereador Anselmo Duarte (DEM) poderá ser impedido de participar da votação pelo envolvimento no processo. Neste caso, Gilvan Valadão (PRB) que é suplente, poderá ser convocado. Diante disso, a votação pode ser adiada por mais uma semana.

O regimento

Marden Lessa (PC do B) só vota no caso de empate e Renato de Martins (PSD) vota contra o processo (Foto: Divulgação/ arte Bahia Manchetes)

O Presidente da Câmara, vereador Marden Lessa (PC do B) só vota no caso de empate. Ele deixou claro na última sessão que o regimento interno será cumprido.

O vereador Renato de Martins (PSD) esta alinhado com o governo e vai votar contra o processo do prefeito.

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