O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou nesta quinta-feira o também ministro Gilmar Mendes de ser leniente com o crime de colarinho branco, disse que o colega “não trabalha com a verdade” e afirmou que ele vive “destilando ódio”. Barroso disse ainda que Gilmar muda de jurisprudência de acordo com o réu.
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Todas essas declarações foram feitas em um bate-boca entre os dois durante a sessão do plenário desta quinta, quando julgavam um caso sobre a extinção de Tribunal de Contas dos municípios do Ceará.
“Não transfira para mim essa parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”, disse Barroso. A presidente do STF, ministra Cármen Lucia, precisou intervir, lembrar aos dois que estavam no plenário e pedir para que voltassem ao tema do julgamento.
A discussão começou quando Gilmar fez referência à situação financeira difícil que vive o Rio de Janeiro, estado natal de Barroso, que respondeu lembrando que em Mato Grosso, estado de Gilmar Mendes, “está tudo muito preso”, em referência a vários políticos detidos recentemente em esquemas de corrupção. E acrescentou, numa provocação a Gilmar. “Nós prendemos, tem gente que solta”.
Ódio
A troca de farpas continuou. Barroso disse que Gilmar “não julga, não fala coisas racionais” e vive atacando alguém. “Vossa Excelência fica destilando ódio o tempo inteiro. Não julga, não fala coisas racionais, articuladas. Sempre fala coisa contra alguém, está sempre com ódio de alguém, está sempre com raiva de alguém. Use um argumento”, disse. “Vossa Excelência devia ouvir a última música do Chico Buarque: a raiva é filha do medo e mãe da covardia”.
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