BRASÍLIA – Com retorno previsto para a noite, o presidente Michel Temer já está em Brasília e começa a se reunir com aliados no Palácio do Jaburu para discutir estratégias de defesa na Câmara para barrar a segunda denúncia da Procuradoria Geral da República. Já esteve por lá o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco. Outros líderes e ministros devem ir ao encontro de Temer neste sábado e domingo. O presidente foi a São Paulo para se reunir com advogados.
O Palácio do Planalto trabalha para que a defesa do presidente Michel Temer seja entregue até a próxima quarta-feira. Interlocutores de Temer disseram que deverá ser na própria quarta-feira, embora alguns preferissem que o fato ocorresse na segunda-feira. O próprio advogado Eduardo Carnelós disse a aliados que queria um pouco mais de tempo, até o meio da semana. O caso ainda exige uma estratégia articulada com os defensores dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco, que também são acusados na denúncia do Ministério Público Federal.
A tropa de choque de Temer ficou irritada com as críticas de rebeldes tucanos à escolha do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) para ser o relator da segunda denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), disse que se trata de um “desrespeito” a um parlamentar que é um dos mais antigos da Câmara e com notório saber jurídico. Mansur esteve com Temer na quinta-feira para refazer o mapeamento de votos na CCJ. A ideia é que ainda sejam necessárias mudanças nas vagas de alguns partidos. Na primeira denúncia, o troca-troca foi geral, mas agora será pontual.
— Acho um desrespeito com o Bonifácio essa reação do PSDB. É um desrespeito à história do Bonifácio. Não dá para não reconhecer o saber jurídico dele — disse Beto Mansur ao GLOBO.
Em conversas com parlamentares, o próprio Bonifácio contou que estava sendo pressionado pelo partido.
A reação aos ataques partiram também do presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que foi quem escolheu o tucano como relator. Na verdade, é a segunda vez que Pacheco irrita a ala rebelde do PSDB. Na primeira denúncia, Pacheco escolheu o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) para fazer o parecer final da CCJ contra a denúncia, depois que o parecer do deputado Sergio Zveiter (Podemos-RJ), que era a favor da denúncia, foi rejeitado pela comissão. Tanto naquela ocasião como agora, o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (SP), foi pego de surpresa, ficando sem reação às articulações de bastidores. Trípoli também errou o placar dentro da bancada de aliados e contrários a Temer: naquela denúncia, ele previa mais de 30 votos a favor da denúncia, mas o resultado foi um racha ao meio da bancada.
Pacheco disse que escolheu um deputado com saber jurídico e não levando em conta brigas partidárias internas. Ele disse que encarava com “bastante naturalidade” essas reações, mas que não se pautou e nem vai se pautar por isso.
— Compreendo os problemas internos do PSDB, todos os partidos os têm, mas eu não posso tomar isso como parâmetro na CCJ. De modo que a minha escolha que teve que abstrair essa questão de partido. Ele é um deputado adequado e capacitado para poder realizar essa missão pelo jurista que é, pelo conhecimento que tem e pela vida proba que sempre levou nos seus dez mandatos de deputado — disse Pacheco ao GLOBO.
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