Após uma sessão tumultuada, os senadores decidiram adiar para este sábado (2) a eleição para presidência da Casa. Os trabalhos serão retomados às 11h. O resultado era esperado nesta sexta-feira (1º). A decisão foi tomada após confusão provocada quando parlamentares decidiram pelo voto aberto. O modelo prejudica Renan Calheiros (MDB-AL).
Em sessão preparatória, presidida por Davi Alcolumbre (DEM-AP), os senadores aprovaram o voto aberto, por 50 votos contra 2. Até então, a escolha era feita de forma sigilosa.
Se Renan ganhar, será a quinta vez que ocupará o cargo, essencial para determinar o ritmo de tramitação de propostas do governo de Jair Bolsonaro, como a reforma da Previdência.
Ao longo da semana, o emedebista foi se fortalecendo e era visto como favorito. O alagoano foi escolhido candidato por seu partido na última quinta-feira (31). Veterano na política, o parlamentar passou a adotar o discurso de um “novo Renan”, a favor de reformas econômicas liberais, alinhadas com o governo Bolsonaro. A estratégia buscou responder à demanda por renovação, expressa nas urnas.
Ao longo do dia, opositores ao emedebista tentaram uma série de medidas para derrotá-lo. A primeira disputa foi para determinar quem presidiria a sessão.
Pela manhã, Alcolumbre derrubou decisão da Secretaria-Geral da Mesa do Senado, que delegava a condução da disputa a José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan. O democrata também exonerou o responsável, o secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Melo.
A manobra provocou tumulto no plenário diante da intenção de Alcolumbre também concorrer à presidência da Casa. No momento, ele ainda não era candidato oficialmente e comandava os trabalhos por ser o único membro remanescente da Mesa Diretora da legislatura anterior, conforme prevê o regimento da Casa.
O alagoano lembrou um episódio da ditadura para reclamar da atuação de seus opositores. “Canalha!, Canalha!”, gritou nos microfones. Sua aliada, Kátia Abreu, chegou a tomar documentos das mãos de Alcolumbre.
A conduta dos parlamentares demonstra um racha na Casa e foi criticada por diversos partidos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) demonstrou preocupação com os trabalhos do Legislativo em 2019.
Triste eleição no Senado. Não há esquerda e direita, nem governo e oposição. Ou se reorganizam forças políticas ou como votar reformas? O povo se desilude, paga o custo da desordem e se abrem portas para aventuras. Livremo-nos delas.
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) February 1, 2019
Candidata à Presidência da República em 2018 e ex-senadora, Marina Silva (Rede) se mostrou constrangida com o primeiro dia de trabalho do ano no Senado. Com informações do Huffpost.
A primeira sessão do Senado Federal virou um espetáculo decadente de disputa pelo poder. Uma lição contrária ao ensinamento democrático do que deveria ser o Parlamento. Vergonhoso!
— Marina Silva (@MarinaSilva) February 1, 2019
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