Bruna Drews diz que não tem mais intenção de trabalhar como repórter e que sente que sua carreira está “destruída”. A jornalista disse a Veja que está afastada da Band desde julho por causa da síndrome do pânico e depressão, fala sobre os dois processos que move: um contra José Luiz Datena, por assédio sexual, e outro trabalhista, contra a Band, que envolve horas não pagas e a desconsideração por sua saúde. “Não quero 1 real do Datena, nada mesmo”, diz. “Sei que se ele for condenado, no máximo vai ter que doar cestas básicas. Vejo a minha carreira destruída, não tenho mais força para trabalhar, não quero mais ir para a TV.” Datena nega o assédio.
Bruna afirma que foi assediada pelo apresentador em um restaurante, em junho de 2018, quando comemoravam com a equipe do programa Agora É com Datena, encerrado em dezembro, o fim do quadro A Fuga. “Quando a assistente de palco foi embora, ele me disse claramente: ‘Bruna, eu vim aqui para comer a assistente de palco, mas como ela foi embora acho que chegou a hora de conversarmos. Acho que você está enfrentando problemas psicológicos, emagreceu muito e passou mal em gravações’”, diz.
“Ele falou que eu tinha que engordar imediatamente porque eu tinha que voltar a ser gostosa. Disse: ‘Você não imagina quanta punheta eu já bati para você. Batia punheta antes e depois do programa, você não tem nem ideia’. Falou isso repetidas vezes.” Bruna conta que perdeu peso por causa do excesso de trabalho – segundo ela, trabalhava “16, 18 horas por dia, viajava sem parar, não tinha final de semana”, o que fez também com que desenvolvesse a síndrome do pânico.
Os processos movidos por Bruna foram divulgados nesta sexta-feira pelo site Notícias da TV. À publicação, Datena negou o assédio. “Isso não é verdade, é falso. Eu disse para ela que ela era uma pessoa bonita. Dizia no ar, pra todo o Brasil ouvir, (que é) bonita e competente. Ela nunca reclamou, só me agradeceu por tratá-la bem”, disse o apresentador ao site. “Na comemoração, repeti a ela que ela era muito bonita e que não precisava emagrecer, porque ela já era competente. Tirando isso, todo o resto é mentira, calúnia e delírio”, afirmou.
A Band informou por meio de sua assessoria de imprensa que não pode comentar o processo que a envolve. “O processo trabalhista em questão tramita em segredo de Justiça, a pedido, inclusive, da própria autora. A Band está impedida de se manifestar sobre o assunto.”
‘Constrangimento’
Bruna afirma que se sentiu muito constrangida com o que aconteceu no restaurante, algo que foi testemunhado pela equipe do programa. “As pessoas ficaram constrangidas, principalmente as mulheres”, diz. “Um coordenador de links e amigo pessoal do Datena se levantou, colocou a mão no ombro dele e pediu para que ele parasse, falou: ‘Menos, Datena, menos’. Mas ele não parou.”
A jornalista diz acreditar que a maioria dos presentes na comemoração “é amiga” do apresentador, o que pode prejudicá-la no processo. “Sou o lado mais fraco, mas acredito que uma ou duas testemunhas vão falar por mim. Tenho testemunhas que já trabalharam na Band e sabem o que rolava nos bastidores, o que ele falava de mim nos bastidores, o assédio no ar.”
Datena costumava fazer comentários sobre a aparência de Bruna no ar. “Ele me xavecava dizendo que cairia fácil no meu ‘golpe de amor’, pedindo para o cinegrafista mostrar meu corpo. Inclusive, nessa situação, o cinegrafista depois veio me pedir desculpa. Ele disse que ficou constrangido, mas se não fizesse iria perder o emprego”, afirma.
“Ele deixava explícito que tinha outro interesse. Eu aceitava (ouvir os comentários), sim, porque precisava do dinheiro e não podia chegar para um cara machista e grosso como ele e pedir para ele não fazer aquilo. Ele ia me demitir, como já fez com várias outras repórteres. Sei de muitos assédios morais que aconteceram por parte do Datena, pessoas que inclusive foram demitidas por isso, por reclamar, procurá-lo ou enfrentá-lo.”
Síndrome do pânico e afastamento
Bruna afirma que depois do episódio no restaurante, caiu e uma grave crise de síndrome do pânico e começou a entrar em depressão “por pensar que estava trabalhando para um homem que nunca qualificou meu trabalho e sim meu corpo”. Segundo ela, médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que a avaliaram atestam que ela foi diagnosticada com uma “doença gerada pelo ambiente de trabalho”.
A jornalista rechaça comentários de que resolveu abrir o processo contra Datena por dinheiro ou para se tornar o centro das atenções. “Não vou ganhar divulgação, porque não quero mais ser repórter. Isso me destruiu a ponto de eu desistir da carreira”, diz.
Bruna afirma que achou que a Band foi conivente com o assédio. “Mandei uma carta para a Band, porque queria que a emissora tomasse uma providência. Eles me chamaram e um diretor artístico me disse o seguinte: ‘Isso é típico do Datena, ele faz isso com quem ele gosta, vai para casa descansar a cabeça’”. Com informações da Veja.
Seja o primeiro a comentar