Justiça manda soltar homem que ejaculou em mulher dentro de ônibus, em São Paulo

Rapaz de 27 anos foi liberado em audiência de custódia nesta quarta-feira (30). Lei de 1941 considera crime 'de menor potencial ofensivo'. Juiz não viu 'constrangimento tampouco violência' no caso.

Juliana de Jesus foi vítima de assédio sexual dentro do ônibus na Avenida Paulista (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

O homem que ejaculou em uma mulher dentro de um ônibus na Avenida Paulista, no Centro de São Paulo, na tarde desta terça-feira (29), foi solto pela Justiça em audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (30).

Ele havia passado cinco vezes pela polícia por suspeita de estupro, mas em nenhuma delas foi a julgamento.

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, o juiz entendeu que não era necessária a manutenção da prisão. O crime se encaixa no artigo 61 da lei de contravenção penal – “importunar alguém em local público de modo ofensivo ao pudor” – e é considerado de menor potencial ofensivo.

A lei é de 1941. O agressor ficou menos de 24 horas detido.

Na decisão, embora afirme que “o ato praticado é grave”, e destaque o “histórico desse tipo de comportamento” do rapaz, o juiz diz não ver “constrangimento tampouco violência” e, por tal razão, defende que o crime “se amolda à contravenção e não estupro”.

“Entendo que não houve constrangimento tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado”, aponta o texto.

Ainda de acordo com o TJ, a Polícia Civil não pediu a prisão preventiva do acusado e o Ministério Público, durante a audiência de custódia, se manifestou pela liberação do rapaz.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) contesta a afirmação e afirma que a delegada Denise Orlandini do Prado, do 78º DP, solicitou à Justiça a prisão preventiva do suspeito. Procurado pelo G1 o Ministério Público disse que não irá se manifestar sobre o caso.

Histórico

O caso ocorreu no início da tarde desta terça-feira (29), na altura da Alameda Joaquim Eugênio de Lima. A Polícia Militar foi acionada e o homem foi preso em flagrante por estupro e levado ao 78º Distrito Policial, no Jardins. Depois, encaminhado para carceragem do 2° DP, no Bom Retiro.

Chorando e em estado de choque, a vítima foi acolhida por outras mulheres. O assediador foi mantido dentro do ônibus até ser retirado por policiais militares. O local rapidamente reuniu dezenas de pessoas. Revoltados, muitos gritavam, xingavam e ameaçavam linchar o agressor.

Procurada pelo G1, a SPTrans disse que “lamenta e repudia o ocorrido no início da tarde desta terça-feira em um ônibus do sistema municipal de transportes”. A empresa disse ainda que “nos casos de abuso sexual no interior dos ônibus, a SPTrans recomenda que o motorista seja comunicado imediatamente e conduza o veículo até a delegacia de polícia mais próxima. Lá, a vítima poderá registrar um boletim de ocorrência e receber amparo das autoridades policiais, que tomarão as providências cabíveis”.

Coincidentemente, nesta terça-feira a SPTrans, a CPTM, o Metrô e a EMTU, do governo do estado, lançaram a campanha “Juntos podemos parar o abuso sexual nos transportes”. O objetivo é “é unir instituições públicas e privadas para combater a violência sexual no transporte coletivo”, informou o Metrô.

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