Após 2 meses de intervenção, pesquisa aponta aumento de violência no Rio

De 16 de fevereiro a 16 de abril, foi registrado crescimento de tiroteios, balas perdidas, pessoas feridas e mortas e casos de chacinas.

© Wilton Junior / Estadão Militares durante cerco à Favela da Rocinha no ano passado.

Após dois meses de intervenção federal, comandada por militares,na área de segurança no Rio de Janeiro, indicadores de violência aumentam e o combate à corrupção não avançou. A avaliação é do relatório “À deriva: sem programa, sem resultado, sem rumo”, divulgado pelo Observatório da Intervenção nesta quinta-feira (26).

De 16 de fevereiro a 16 de abril, foi registrado crescimento de tiroteios, balas perdidas, pessoas feridas e mortas e casos de chacinas. De acordo com a plataforma colaborativa Fogo Cruzado, foram 1.502 disparos e tiroteios, que resultaram em 284 mortos e 193 feridos neste período. Também foram registradas 12 chacinas, com 52 vítimas.

Nos 2 meses anteriores, de 16 de dezembro a 15 de fevereiro, foram 1.299 tiroteios, além de 6 chacinas, com 27 mortos.

“A existência de vítimas múltiplas em episódios de intervenção policial e de confronto de facções criminosas pode estar se tornando uma marca deste novo momento do Rio sob intervenção, o que exigirá um monitoramento com foco nesse fenômeno”, destaca o relatório.

Em fevereiro e março, o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro registrou 940 homicídios. Nesse período, 209 pessoas foram mortas pela polícia e 19 policiais foram mortos, de acordo com o estudo.

Além da piora em alguns indicadores de violência, a intervenção teve resultados práticos considerados preocupantes, segundo o documento. “Na prática mantém operações de visibilidade em poucas áreas, enquanto autoriza as polícias fluminenses a manter a guerra às drogas nas favelas, provocadora de confrontos que expõem moradores e policiais ao fogo cruzado”, diz o texto.

O Observatório também destaca que comandantes dos batalhões mais violentos não foram trocados, nem houve qualquer ação de desarticulação de corrupção dentro das polícias, apesar das promessas de autoridades.

“Nenhuma política de segurança vai trazer um mínimo de resultado aceitável no Rio de Janeiro se não for baseada na redução de tiroteios, homicídios, bala perdida, fogo cruzado, da diminuição da circulação de armas e munição da cidade, começando pela polícia, que não pode entrar na favela atirando”, afirmou Sílvia Ramos, coordenadora do Observatório, ao apresentar o monitoramento.

Iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Candido Mendes, o Observatório da Intervenção é composto por 20 instituições apoiadoras, públicas e privadas, incluindo Anistia Internacional Brasil e Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O grupo também conta com um conselho de ativistas das comunidades fluminenses.

Os dados elaborados por pesquisadores têm como base jornais impressos e online, mais de 200 páginas e perfis de redes sociais, dados oficiais e informações colhidas pelas iniciativas parceiras DefeZap, Fogo Cruzado e OTT-RJ (Onde Tem Tiroteio). Com informações do HuffPost Brasil.

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