Um homem morreu ao sofrer uma parada cardiorrespiratória após se envolver em uma confusão no Terminal de Ônibus Acesso Norte, em Salvador.
O caso aconteceu na manhã do dia 6 de janeiro, mas veio à tona nesta sexta-feira (19) após a repercussão de um vídeo que registra o momento em que ele é abordado por seguranças do sistema metroviário, onde há integração entre metrô e ônibus.
O caso é investigado pela Polícia Civil e a CCR Metrô Bahia, empresa responsável pela administração do serviço de transporte, se pronunciou.
As imagens das câmeras de segurança mostram o homem, identificado como Edmar Santos Costa, sendo arrastado por dois agentes para a calçada, já na estação de ônibus vinculada ao sistema metroviário, na Rótula do Abacaxi. Confira a sequência de fatos:
5h57m23s: Edmar cai em uma das entradas do terminal e é amparado por pessoas que estavam no local. Depois ele consegue se reerguer e sai caminhando;
5h58m01s: um homem deixa um cooler na estação de ônibus;
5h59m01s: Edmar é filmado pegando o cooler, depois circulando pela estação;
5h59m34s: ele entra em um ônibus e é agredido por outro homem; começa uma confusão no local;
6h01m06s: atenuada a briga, o homem que deixou o cooler na estação recupera a caixa térmica.
A sequência é interrompida e novos fatos são registrados em um segundo vídeo:
6h00m07s: detido por seguranças, Edmar é arremessado ao chão;
6h00m14s: os agentes usam as pernas para prendê-lo no local — um segurança coloca o joelho nas costas do homem, e o outro apoia o membro no pescoço dele. O momento dura 13 segundos;
6h01m28s: o segundo segurança se levanta e parece discutir com cidadãos que presenciaram a ação, enquanto o colega mantém Edmar preso ao chão com a perna nas costas dele;
6h02m56s: as pessoas que se aproximaram dos seguranças dispersam e eles se voltam para o homem preso ao chão;
6h03m58s: é possível ver que Edmar já não se mexe mais;
6h10m07s: mais um segurança chega com uma maca para colocarem Edmar;
6h13m20s: os seguranças carregam a maca e saem da área de captação da câmera.
Em nota à imprensa, a CCR, administradora do metrô, lamentou a morte de Edmar Santos Costa e disse que instaurou procedimento interno para apurar os fatos.
A concessionária ressalta que, desde o ocorrido, colabora com as autoridades na investigação dos fatos, tendo cedido a íntegra das imagens de suas câmeras internas. Segundo a empresa:
- O passageiro ingressou no terminal cambaleando e chega a cair ao chão, sendo ajudado por outras pessoas que estavam no local.
- Instantes depois, ele se envolve em uma briga com um vendedor ambulante dentro de um ônibus, sendo também agredido por terceiros.
- Ao constatar a confusão, os agentes de atendimento e segurança se dirigem ao local e contêm o passageiro, acionando, em seguida, a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Os agentes que participaram do atendimento desta ocorrência foram afastados das funções operacionais até a conclusão das investigações. Eles também já prestaram depoimento à polícia.
A Concessionária ainda esclarece que investe em um programa contínuo de capacitação e treinamentos para os seus colaboradores, com o principal objetivo de prestar um serviço de qualidade à população.
Questionada se os agentes prestaram os primeiros socorros a Edmar, a CCR disse que os seguranças o conduziram para a sala de APS ao constatar o mal súbito — no local, acionaram o Samu. De acordo com a empresa, a sala em questão conta com todos os equipamentos de reanimação e equipe treinada.
O serviço de urgência confirmou o chamado. À imprensa, o Samu acrescentou que uma equipe de saúde fez manobras de reanimação, mas não conseguiu salvar o paciente.
O caso é investigado pela Polícia Civil. Segundo a corporação, apurações iniciais indicam que duas porções de cocaína foram encontradas no bolso da roupa de Edmar. Ele teria se envolvido em uma briga, que foi interceptadas pelos seguranças do metrô.
A polícia disse ainda que testemunhas estão sendo ouvidas, imagens de câmeras de segurança são analisadas e outras diligências investigativas estão sendo feitas para esclarecer o caso. Laudos periciais vão complementar as investigações.
Segundo o advogado Pedro Fernandes, que representa a família, Edmar estava indo para o trabalho quando a situação ocorreu. Houve a confusão, com abordagem considerada truculenta pelo advogado, e depois a constatação do óbito.
Fernandes afirma que a causa da morte foi parada cardiorrespiratória, conforme registro do Samu.
A família busca uma assistência jurídica para obter reparação, já que acusa a CCR de não prestar qualquer satisfação. O advogado diz que eles sequer sabem para qual unidade de saúde o homem foi levado — encontraram o corpo no Instituto Médico Legal (IML).
Edmar foi enterrado no dia seguinte, 7 de janeiro, no cemitério da Ordem Primeira no bairro Baixa de Quintas, em Salvador. Com informações do G1.
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