Mais dois médicos afirmam que sofreram ‘calote’ do Hospital: ‘A cidade está bem queimada’

Médico diz que a empresa que atua no ramo de laboratório não deixou a unidade sem o serviço por respeito a população.

Hospital Municipal muda direção em Madre de Deus (Foto: Reprodução)

Mais dois médicos reclamam que levaram calote do Hospital Municipal de Madre de Deus. Pelo menos 30 profissionais que prestaram serviço ao município foram prejudicados. As informações foram confirmadas durante entrevistas realizadas pelo Bahia Manchetes.

O médico e empresário Reginaldo de Freitas disse a reportagem que ele e outros dois sócios prestaram serviço a unidade de saúde através de uma empresa de laboratório. Segundo ele, a empresa ficou no Hospital por cerca de 9 meses, mas nunca recebeu pelos serviços prestados. Ele conta que médicos que são “profissionais de renome” deixaram o município.

“Vários médicos saíram por não pagarem os plantões, vários médicos profissionais de renome, já tinha já uma residência grande… Vamos dizer assim, uma experiência bacana saiu por causa de falta de pagamento”, lembra.

Dr. Reginaldo ressalta que a empresa fez o destrato com a diretora administrativa do Instituto de Gestão Saúde e Tecnologia (IGST) que garantiu que iria pagar após 50 dias.

“A primeira parcela, era pra ser paga entre dia 5 e 25 de novembro de 2019, dividimos em 5 parcelas aquilo que eles nunca pagaram. Nós nunca recebemos um centavo dos 9 meses de [serviços] prestados aí. A primeira parcela era 25 de novembro. Até hoje não recebemos nem a primeira, já era pra estar na quarta parcela”, lamenta.

Ele relata ainda que “essa fama de caloteiro” que a cidade não paga, tem repercutido entre vários médicos na Bahia através das redes sociais. “Todos os grupos que eu participo estão proibidos de anunciar plantão médico, de qualquer que seja a especialidade para Madre de Deus”, disse.

Dr. Reginaldo define a cidade como “bem queimada” e que “realmente não interessa a maioria dos médicos que tem brio na cara de ir trabalhar aí”.

Ele completa apontando que a Secretária de Saúde, Naiara Cardoso, nunca entrou em contato para tentar resolver a situação, e que, a direção do Hospital, buscou contato após muita insistência, mas não resolveu nada.

O profissional de saúde relata que seus sócios recorreram à justiça para receber pelos serviços prestados.

“Eles [do Hospital] nem justificativa, nem brio em pelo menos mandar uma mensagem, ou ligar e falar assim: ‘olha, não deu pra pagar esse mês, esse mês não deu, paguei algumas contas que estavam em atraso, deixa pra gente pagar no mês de março, abril, maio, jogar pra mais um ano’. Nem isso eles fizeram, na verdade, acredito que eu vou receber isso aí só pela justiça”, sentenciou.

Ele ressalta que o município é rico, mas tem fama de caloteira. Para o médico, as pessoas da cidade são ótimas, e a empresa que atuou no ramo de laboratório não deixou a unidade sem o serviço por respeito a população.

“Não por respeito a empresa [do Hospital] porque se fosse por respeito a empresa, no segundo mês de atraso a gente teria saído”. Ele completa apontando que o valor que precisam receber não paga nem pelos equipamentos, “só foi atraso”.

Ele também destaca que existem excelentes profissionais na unidade de saúde, mas muitos deixaram o local porque não foram valorizados.

“Tiraram muito dinheiro deles, diminuiu o valor do salário deles, diminuiu insalubridade, diminuiu adicional noturno. Muitos deles também saíram de lá, perdeu muita mão de obra de qualidade”, asseverou.

A doutora Mariele Guimarães disse ao Bahia Manchetes que sofreu “calote” no Hospital de Madre de Deus durante a gestão da Associação de Proteção a Maternidade e a Infância de Castro Alves (APMI).

Ele lembra que ficou sem receber após trabalhar quatro plantões no município, entre eles, no dia 1 de janeiro de 2019. “Eles [do Hospital] disseram que iriam pagar diferencial porque era ano novo, réveillon e acabou não pagando nada”, reclama.

A médica diz que esse foi o segundo “calote” que levou da APMI, e que, recentemente a empresa também não pagou por serviços prestados em Simões Filho. Ele disse ainda que espera que a situação seja resolvida, mas sabe que depende de gestores e prefeitos “que talvez tenham colocado o dinheiro no bolso”.

 

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