Justiça veta peça teatral “O evangelho segundo Jesus, rainha do céu”, em Salvador

Companhia alega que liminar que resultou no cancelamento 'é um tratado de fundamentalismo e preconceito'.

A atriz Renata Carvalho, em o 'O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Ceu' (Foto: Divulgação/Ligia Jardim )

A Justiça barrou a apresentação do espetáculo “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, que retrata Jesus como uma mulher transgênero, que seria encenada nesta sexta-feira (27) no Espaço Cultural Barroquinha, em Salvador.

A decisão liminar, da 12ª Vara Cívil, atendeu a uma ação movida contra a Fundação Gregório de Mattos, responsável pelo espaço onde a peça seria encenada em duas sessões, às 18h e às 20h. O espetáculo faz parte da programação da 10ª edição do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC Bahia), que ocupa diversos espaços culturais da capital baiana. Na quinta-feira (26), a peça foi apresentada no mesmo local.

O deputado estadual Pastor Sargento Isidório (Avante) ingressou com um pedido de liminar na Justiça para suspender a apresentação do espetáculo. 

Como uma forma de resposta a peça que ele definiu como uma ‘vagabundagem’ e ‘safadeza’, o deputado gravou um vídeo na terça-feira (24) no qual afirmou que “os inimigos de Deus ultrapassam seus limites”.

No vídeo, ele declara que acionou  “a Justiça para não permitir esta vagabundagem, safadeza, vilipêndio, profanação contra o nome do senhor”, diz e continua: “Querem desconstruir a imagem moral e santa do senhor Jesus zombando cinicamente da nossa fé”.

Na liminar, o juiz Paulo Albiani Alves aponta que o grupo que entrou com o pedido de suspensão da peça alegou que o espetáculo é “extremamente ofensivo a moral da humanidade, que é em sua grande maioria crente no homem Jesus como filho de Deus”.

Além disso, a decisão aponta que o espetáculo “expôs ao ridículo” símbolos como a cruz e o próprio homem. A decisão ainda aponta que a peça “incitou crime de ódio e feriu a liberdade e a dignidade humana”.

A liminar diz que a Fundação Gregório de Matos tem prazo de 15 dias para contestar a decisão. A assessoria da fundação também informou que, em breve, vai divulgar quais medidas serão adotadas com relação à compra dos ingressos pelo público. As entradas custaram R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira).

A Fundação Gregório de Matos informou que, juntamente com a produção do festival, já está tomando as providências jurídicas cabíveis e que vai recorrer da decisão.

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