Aos 74 anos de idade, um idoso de Campo Formoso, cidade da região norte da Bahia, mostrou que nunca é tarde para investir na educação. Com cabelos grisalhos, mas com muita disposição, Mário Araújo se formou em Administração, no sábado (23), após superar um AVC e um tumor no cérebro, sofridos durante o curso.
“Eu adoro a educação. Eu sempre dizia aos meus filhos: ‘Todos vão ter que se educar. A herança que vou deixar para vocês é o diploma do ensino superior'”, relatou.
Casado há mais de 40 anos e pai de quatro filhos, seu Mário sempre foi amante da leitura, um hábito que segundo a esposa, Noélia Araújo, ele não vive sem.
“Ele é um amante da leitura. Ele lê muito. A gente via que dentro dele faltava alguma coisa,” contou Noélia.
Apesar da predileção para os estudos, e mesmo pensando em fazer faculdade anteriormente, o idoso resolveu apostar de vez no sonho para incentivar um dos filhos.
Rafael Araújo, o caçula de Seu Mário, conta que sempre trabalhou e que, por isso, teve que trancar a faculdade e mudar de domicilio várias vezes. Incomodado pelo filho não conseguir concluir a faculdade, o idoso tomou a decisão de buscar o diploma de nível superior.
“Chegou ao ponto em que eu estava com a faculdade trancada, e meu pai virou para mim e disse: ‘Meu sonho é ver meus quatro filhos formados. Só falta você. Eu vou entrar na faculdade para te incentivar, no mesmo curso que você'”, contou Rafael, que voltou a estudar após o incentivo do pai e se formou. Já na universidade, os problemas de saúde vieram.
“Durante esse período, eu tive um AVC, passei cinco dias na UTI, depois semi-UTI, e ainda hoje eu tomo remédio, cuido desse AVC. Logo depois, eu tive um tumor no cérebro”, disse Mário.
Mesmo com os obstáculos, ele não desistiu. A persistência e o amor pela educação fizeram com que o idoso finalmente concluísse o curso. No sábado, dia da formatura, Mário era só alegria, enquanto a família e os colegas de classe transbordavam orgulho.
Rogério Silva, um dos professores do idoso, destacou a força de vontade de Seu Mário. “Enquanto muitos aposentados estão na praça, jogando dominó, jogando baralho, ele tomou a inciativa de buscar o conhecimento”, afirmou.
Para os amigos de sala, o recém-formado em administração era o pai da turma, além de servir de incentivo para todos, mesmo nos dias mais difíceis.
“É um pai para todos nós. Quando a gente pensava em desistir, a gente olhava para ele e dizia: ‘Não vamos desistir”, relatou Claudiane Ferreira. Com informações do G1.
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