Ao condenar um homem acusado de latrocínio, uma juíza de Campinas, no interior de São Paulo, escreveu na sentença que ele não parecia um bandido porque era branco.
“Vale anotar que o réu não possui o estereótipo padrão de bandido, possui pele, olhos e cabelos claros, não estando sujeito a ser facilmente confundido”, escreveu Lissandra Reis Ceccon, magistrada da 5ª Vara Criminal da cidade.
Lissandra registrou essa declaração no trecho da sentença em que analisava o depoimento de um dos familiares da vítima. Esse parente disse que não teve dificuldade para reconhecer o bandido porque ele não era fisicamente como os outros.
Klayner Renan Souza Masferrer foi condenado a trinta anos de prisão por ter matado Romário de Freitas Borges após uma tentativa de roubo. O bandido atirou na cabeça da vítima quando tentava roubar o seu carro em 20 de fevereiro de 2013. Segundo Danilo Campagnollo, advogado do réu na época, Klayner tinha olhos claros e era louro.
Procurado pela reportagem, o Tribunal de Justiça de São Paulo, que administra as varas de todo o Estado, informou que não poderia comentar o caso. “Não cabe ao Tribunal de Justiça de São Paulo se posicionar em relação aos fundamentos utilizados na decisão, quaisquer que sejam eles. A própria Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), em seu artigo 36, veda a manifestação do TJSP e da magistrada”, disse assessoria de imprensa do tribunal por meio de nota.
Segundo o artigo 36 dessa legislação, qualquer magistrado é proibido de se manifestar sua opinião sobre processos “por qualquer meio de comunicação”.
/Via Veja
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