Uma garota de 12 anos escreveu uma carta para a mãe para denunciar que era abusada pelo próprio padrasto há 7 anos. O caso ocorreu no início deste ano na cidade de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia.
“Ela começou a carta me pedindo desculpas, porque, nesses casos, eles [vítimas] se sentem culpados pela situação. Quando li, em momento algum eu desconfiei que ela estivesse mentindo”, contou a mãe da menina, que preferiu não se identificar.
O homem suspeito do crime, que não teve a idade e identidade reveladas, foi morar com a ex-mulher quando eles namoravam. A vítima tinha 5 anos quando começou a ser abusada. Após a denúncia, o homem foi preso.
A mãe da vítima disse que o ex-companheiro nunca deu sinais de que fazia mal à enteada. “Ele tinha o comportamento normal, de uma pessoa normal, de uma pessoa boa, era um pai para ela”, relatou.
Segundo ela, depois que o homem se mudou para a casa das duas, a garota começou a apresentar um comportamento estranho, agressivo. A mulher chegou a levar a filha para atendimentos psicológicos, mas não suspeitou que o homem pudesse estar abusando da filha.
“Foi aí que eu comecei a entender que tinha alguma coisa errada com ela. Comecei a procurar ajuda de psicólogos, mas até então ninguém dizia o que ela tinha”.
Após a menina começou a se mutilar e a mãe questionar o que estava acontecendo, sem ter respostas, a vítima escreveu a carta e contou dos abusos.
Conforme a polícia, o homem que abusou da garota já foi julgado e condenado a 18 anos de prisão. Ele segue no sistema prisional em Vitória da Conquista.
Casos
Somente no Núcleo da Criança e do Adolescente, da Polícia Civil de Vitória da Conquista, são realizados uma média de 45 atendimentos, por mês, de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e de abuso sexual.
As vítimas, geralmente, são crianças entre quatro e 11 anos. Os abusadores, na maioria das vezes, são familiares. Desses atendimentos, 67% dos casos são de abusos sexuais de meninos e meninas. Do total, 70% dos abusadores são familiares e os outros 30%, pessoas muito próximos da família.
“Geralmente, o abusador é um ente familiar, alguém do ciclo da confiança daquela familia, então, é complicado para a criança saber para quem ela vai procurar, a quem ela vai denunciar”, afirmou a delegada Rosilene Moreira, que acompanha o caso da adolescente.
Segundo a delegada, as crianças vítimas de violência sexual apresentam baixo rendimento escolar, dificuldade na fala e começam a criar um ambiente de isolamento. “Ela começa a não interagir com outras crianças. A vítima começa a manipular seu próprio órgão genital e a fazer desenhos de orgãos genitais”, disse. Com informações do G1.
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