Uma ex-integrante da Igreja Ministério Verbo Vivo, em São Joaquim de Bicas, revela que as lembranças das restrições impostas pela igreja ainda causam sofrimento. Segundo ela, conversas não são permitidas sem um observador. Os casamentos são arranjados entre membros. O sexo entre casados tem que ser autorizado pela instituição. A mulher, que pediu para não ser identificada, ainda tem medo da igreja mesmo depois de sua saída, há nove anos. A congregação é um dos braços brasileiros da Word of Faith Fellowship, Associação da Palavra da Fé, em português, submeteu 16 brasileiros a trabalho escravo. Após reportagem da agência de notícias Associated Press, as histórias vieram à tona em uma investigação sobre a instituição, sediada na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
Em Minas Gerais, a filial da instituição norte-americana é a Igreja Verbo Vivo, que é investigada pelo Ministério Público Estadual desde 2009. Em setembro daquele ano, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) promoveu audiências para ouvir vítimas que denunciaram agressões físicas e psicológicas a membros e estudantes de uma escola mantida pela entidade. Esta mulher participou de uma das audiências e consta como uma das vítimas nos documentos que deputados entregaram à Justiça.
O Drama
De acordo com a publicação do G1, a ex-integrante conta que conheceu a Igreja Verbo Vivo em Belo Horizonte, antes de a instituição, originada nos Estados Unidos, estabelecer uma filial em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana da capital mineira.
“A gente gostava da igreja, gostava quando os americanos vinham, dos louvores, a gente achava tudo maravilhoso”.
A mulher conta que um pastor norte-americano comprou uma fazenda em Betim, também na Grande BH, e a dividiu em lotes. Esses terrenos foram vendidos para fiéis por R$ 35 mil cada um, mas nenhuma escritura foi entregue.
A igreja impõe muitas restrições, segundo a ex-integrante. Entre os “pecados” considerados pela instituição estão andar com as mãos nos bolsos, assistir à televisão, ouvir rádio, frequentar cinema, academia ou clube, beber guaraná porque a cor da bebida se assemelha à cerveja e participar de festas, mesmo em família.
“Eu fiquei 17 anos sem ver televisão, sem ouvir rádio, sem ter contato com a minha família. Meu pai morreu e eu não pude ir no enterro”.
A igreja em comunicado em seu site, nega as acusações e diz sofrer perseguição.
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