A Justiça da Bahia condenou a empresa Estrada Velha Produções, responsável pelo Bloco Eva, a pagar R$ 19.699 mil a um folião que foi agredido por seguranças depois de dar um beijo em outro homem. A agressão ocorreu dentro das cordas do bloco durante o carnaval de Salvador deste ano. A decisão cabe recurso.
O caso ocorreu no dia 9 de fevereiro (segundo dia da festa), no circuito Barra-Ondina, na orla da capital baiana. Após as agressões, a vítima e o rapaz que o beijou foram expulsos do bloco pelos seguranças. O folião teve um dedo fraturado, o celular quebrado e o abadá (camisa do bloco) rasgado pelos homens.
A vítima entrou com o processo em agosto deste ano, após recolher provas das agressões (entre elas, um vídeo que mostra parte da confusão). A setença foi proferida na quinta-feira (13) pela juiza Graça Marina Vieira da Silva, da 19ª Vara do Sistema dos Juizados Especiais do Consumidor (VSJE).
Durante audiência, realizada na última quarta-feira (12), a empresa negou que os seguranças tivessem agredido o folião e alegou que o homem foi expulso do bloco por não ter abadá.
A Justiça determina que R$ 14 mil sejam pagos em indenização por danos morais e R$ 4.699 mil por danos materiais, pela perda do celular e para compensar o pagamento de consultas com fisioterapeuta.
O fisioterapeuta Roberto Santana, de 31 anos, contou ao G1 como foi abordado pelos seguranças. Segundo a vítima, tudo começou após questionar um comentário preconceituoso feito por um dos homens, que se irritou e partiu para cima dele.
“Fiquei com um rapaz. Nesse momento, um segurança passou e falou: ‘nossa, que nojo’. Eu não gostei e questionei o porquê do nojo. Ele seguiu com o preconceito e nós discutimos. Eu tirei uma foto dele e falei que iria fazer uma denúncia no bloco. Acho que ele não gostou da ideia, tomou meu celular e quebrou. Nisso, meu dedo foi fraturado”, conta a vítima.
Em seguida, conforme relato da vítima, outros seguranças se aproximaram e o abordaram, começando mais agressões físicas.
“Quando ele tomou meu celular, outros seguranças chegaram. Eles rasgaram meu abadá. Eu levei socos e empurrões. O rapaz que estava comigo filmou tudo, mas um dos seguranças tomou o celular dele e apagou o vídeo. Depois, ele ainda deu tapas no rosto do meu amigo”, disse o folião.
No entanto, apesar do vídeo ter sido excluído do celular do rapaz, uma mulher que estava em um camarote em frente ao local das agressões gravou parte da confusão, incluindo o momento em que os seguranças tomam o celular do outro rapaz. O homem, que prefere não ser identificado, também ingressou com uma ação contra o bloco, mas o caso ainda não foi julgado.
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