Audiência pública debate impactos da privatização da RLAM e futuro da Petrobras na região

Venda da refinaria, empregos e arrecadação marcam discussões entre vereadores, sindicalistas e petroleiros.

Audiência pública debate impactos da privatização da RLAM e futuro da Petrobras na região-Foto: Bahia Manchetes.

A Câmara Municipal sediou audiência pública para discutir os impactos da privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e o futuro da Petrobras na região. O encontro foi idealizado pelo vereador Val Peças e realizado na segunda-feira (24), reunindo parlamentares, representantes sindicais, trabalhadores do setor petrolífero e lideranças locais.

Participaram da audiência os vereadores Val Peças, Jilvan Valadão, Ruan Careca, Daniel Coruja, Bento, Paulinho de Nalva e André da Limpeza, que acompanharam os debates sobre os reflexos econômicos, sociais e institucionais da venda da refinaria.

Durante as discussões, foi apontado que a privatização da RLAM teria provocado redução na arrecadação de municípios como São Francisco do Conde e na receita do Estado da Bahia, além de impacto no aumento do preço do gás de cozinha e dos combustíveis. Segundo os participantes, os efeitos já são percebidos no cotidiano da população e na dinâmica econômica local.

O vereador André da Limpeza defendeu o fortalecimento da parceria entre o município e a Petrobras, destacando a importância de investimentos voltados à geração de empregos e à qualificação profissional, especialmente para a juventude local. Segundo ele, a ampliação dessa relação é fundamental para garantir novas oportunidades e impulsionar a economia da cidade.

O ex-vereador e petroleiro Daltro chamou atenção para a diminuição dos postos de trabalho e o enfraquecimento do diálogo entre trabalhadores e a empresa após a privatização. Já Jorge Mota reforçou a defesa da Petrobras como agente estratégico para o desenvolvimento regional.

Vanilton, que ingressou na Petrobras em 1979, trouxe uma perspectiva histórica ao debate ao afirmar que a redução da presença da estatal já provoca impactos sociais e econômicos, refletidos especialmente na diminuição de empregos e no enfraquecimento da economia local.

A coordenadora do Sindipetro Bahia, Elisabete Sacramento, destacou os prejuízos causados pelo processo de privatização e a dificuldade de manter um diálogo amplo com a sociedade sobre a importância das estatais.

“O petróleo é nosso, é do povo brasileiro. É uma riqueza natural que pertence à sociedade baiana. Hoje, infelizmente, conseguimos comprovar o impacto danoso que de fato foi a privatização nos municípios onde isso ocorreu”, afirmou.

Já o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), David Bacelar, ressaltou o papel estratégico da Petrobras no desenvolvimento industrial do país e defendeu o uso planejado da riqueza petrolífera.

 “A Petrobras é a locomotiva da economia brasileira. Onde ela chegou, trouxe desenvolvimento econômico. Mas é fundamental que essa riqueza também gere desenvolvimento social e seja utilizada com planejamento estratégico, porque o petróleo é um recurso finito”, disse.

O deputado estadual Radiovaldo Costa alertou para o risco de a Transpetro deixar de operar na cidade, cenário que, segundo ele, pode ampliar prejuízos econômicos e comprometer ainda mais a cadeia produtiva ligada ao setor petrolífero.

“A Petrobras tem um papel fundamental no desenvolvimento da Bahia e do Brasil. Não podemos ignorar os impactos que a privatização já trouxe para os municípios do entorno, e há, sim, o risco real de a Transpetro deixar de operar na cidade, o que agravaria ainda mais os prejuízos econômicos e sociais para a população”, afirmou.

Durante a audiência pública, o vereador Val Peças, responsável pela iniciativa do encontro, recordou que, no período em que ocorreram as mobilizações contrárias à venda da RLAM, chegou a convidar um ex-vereador de São Francisco do Conde para integrar os atos promovidos pela categoria, mas que ele não esteve presente em nenhuma das manifestações.

Na oportunidade, o parlamentar agradeceu e elogiou a participação dos colegas vereadores no debate e reiterou sua posição crítica à privatização da refinaria, defendendo que a unidade volte a ser administrada pela Petrobras. Para Val, a diminuição do quadro de trabalhadores já provoca reflexos diretos no município, e as consequências da venda têm sido percebidas pela população, sobretudo na perda de postos de trabalho e no enfraquecimento da atividade econômica local.

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