Uma manobra de aliados do prefeito Jeferson Andrade (DEM) obstruiu o andamento dos trabalhos na Câmara de Madre de Deus e evitou que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) fosse criada nesta terça-feira (26). Um dos governistas desavisados chegou a marcar presença, mas deixou o plenário em seguida, o que levou a sessão a ser interrompida por falta de quórum. Segundo a oposição, essa não é a primeira vez que líderes do governo conseguem frear investigações contra o Executivo na Casa.
Os vereadores de oposição tentam emplacar uma CPI desde o ano passado, mas precisavam do número mínimo exigido pelo regimento da Casa.O número mínimo foi alcançado pelo apoio de Jodiane Alves (PRB) após Jeferson romper relações politicas com a parlamentar.
A preocupação atual do governo é com a criação da CPI da J. G. Tecnologia Informatica Ltda que foi batizada pela oposição de “CPI do Concunhado”. De acordo com opositores, a empresa pertence ao concunhado de Jeferson e teria vencido todas às licitações desde que ele assumiu a prefeitura.
Segundo o vereador Kikito Tourinho (PPS) a empresa não presta um bom serviço ao município, mesmo assim, continua sendo contratada pelo poder Executivo. Ainda conforme opositores, a denúncia foi protocolada no dia 11 de fevereiro, porém, tem saído de pauta desde então. Kikito chegou a cobrar ao presidente da Casa, Paulinho de Nalva (PRB) no dia 12 de março, que justificou que o documento foi encaminhado ao jurídico para ser analisado.
Na ocasião, Kikito afirmou que se a J.G., o prefeito Jeferson e o irmão Jacson Andrade não tem nada a temer, devem deixar apurar. “Já tá caminhando para um desgaste, eu acho que isso não é bom pra ninguém aqui nesta Casa”, alertou.
O parlamentar ressaltou que não estava na Casa para pessoas gostarem dele. “[…] Uma coisa que nunca levo na minha vida é falsidade e traição! Não sou traidor, não sou falso… Se eu estou, eu estou, se eu não estiver também, vou logo dizer, sou sincero”. Nesta terça, o edil voltou a falar sobre “falsidade” ao afirmar que “pessoas falsas não vingam”, mas não citou nomes. Questionado em seu gabinete se a indireta foi direcionada ao presidente do Legislativo que recebeu apoio da oposição, Kikito negou e apontou que teria outro endereço.
Com a pressão do governo, Paulinho passou a seguir a risca às recomendações do chefe do Executivo. Depois que o prefeito ameaçou demitir todos os funcionários ligados a ele, o parlamentar que foi classificado por aliados durante a campanha interna na Casa como “renovação”, adotou uma postura conservadora e conseguiu até o momento evitar que às pautas favoreçam a oposição. Por outro lado, na investida opositores tentam jogar uma casca de banana para aliados do governo na Câmara. A ideia é desgastar o prefeito, e ainda colocar a dificuldade para emplacar a CPI na conta dos vereadores da base.
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