“Eu vou te matar”. Essa foi uma das agressões verbais ouvidas pelo professor de Língua Portuguesa Thiago dos Santos Conceição, de 31 anos, enquanto aplicava uma prova dentro de uma sala de aula do Centro Integrado de Escola Pública (Ciep) Mestre Marçal, em Rio das Ostras, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, no último dia 18.
O educador, que foi humilhado e empurrado por alunos, reencontrou um dos seis envolvidos no caso polêmico que virou assunto da semana após um vídeo dos insultos ser divulgado nas redes sociais. Um adolescente de 16 anos, que chegou a comer a prova na frente de Thiago, pediu desculpas ao professor. “Só queria pedir perdão”, lamentou o garoto, emocionado.
“Sabe como acredito na desculpa? Na mudança de postura”, disse Thiago, acrescentando que lamenta não ter cumprido a missão dele. “O que me deixa mais triste? É saber que meu dever era ajudar vocês e é com pesar que não consegui fazê-lo”, afirmou, em entrevista ao ‘Fantástico’, da TV Globo.
Lecionar sempre foi um sonho
Com 10 anos de idade, ele já sonhava em ser professor. Thiago tem quatro irmãos, e é o único que conseguiu entrar na universidade. Fez Letras e, até hoje, tem uma fotografia da graduação pendurada na parede da sala de casa. Para chegar à escola, palco das agressões, não é um caminho fácil. O educador mora em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. “Levo duas horas e meia para chegar a Rio das Ostras”, disse.
Realidade nas escolas
“Interpreto a violência de diversas formas, como um pedido de socorro, negligência da família na escola. O estabelecimento não funciona sozinho”, opinou Thiago, que também acusou a administração estadual. “Negligência do estado, das autoridades, porque não têm propostas para a educação. A escola está se tornando um depósito de crianças e adolescentes”, desabafou.
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