Moradora de área invadida chora durante ação da SUCOM; Kátia Carmelo chama de ‘golpe’

Ação da SUCOM ocorreu na manha de Sábado (18).

Moradora de área invadida chora durante ação da SUCOM; Kátia Carmelo chama de ‘golpe’

“É muita humilhação”. É assim que os moradores de um terreno invadido entre o Conjunto Nova Madre de Deus (nas casinhas) e a Rua do Barbeirinho, em Madre de Deus, na região metropolitana de Salvador, definem a pressão que enfrentam da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (SUCOM). No local, conhecido como “Lagoa”, moradores relataram o medo de despejo, contam ainda, que Kátia Carmelo, responsável pela SUCOM, teria prometido três meses de aluguel para eles desocuparem a área, disse ainda, que vai retirar as crianças do local com a ajuda do juizado de menores.

“Katia Carmelo vem aqui com arrogância dela toda, dizendo que vai chamar o conselho tutelar para pegar as crianças se a gente resistir e não sair da casa, vai derrubar as casas da gente”, afirma Ana Claudia Oliveira, moradora do município há 15 anos.

Ela lamentou a situação em que vive com os três filhos há cerca de três meses no local. Sem água encanada ou rede de esgoto, ela conta que o pequeno banheiro construído com muita dificuldade foi destruído neste sábado (18) durante uma ação da SUCOM com apoio da Polícia Militar. Ela tenta segurar às lágrimas, mas chora ao revelar a frustração de ver a esperança de ter um banheiro ser levada pelo trator.

“A única coisa que eu queria era um banheiro. Eles quebraram meu banheiro e quer que eu volte para o aluguel, eu vou voltar para o aluguel como que não tenho condição nenhuma de pagar aluguel”, diz.  “É chato né, não tenho dinheiro para pagar aluguel, fiz meu sacrifício, comprei meu saco de cimento, meu bloco, eles  quebraram meu banheiro e levaram. É uma situação chata, que eu não queria que ninguém passasse agora o que eu tô passando”, disse Claudia com a voz embargada pelo choro.

Veja vídeo abaixo:

Ainda conforme a moradora, existem 14 famílias no local e dezenas de crianças que sofrem com o poeira nos dias secos e com a lama nos dias mais chuvosos.  Ela pede que o prefeito e as autoridades olhem para famílias que estão passando necessidades na região.

Eles reclamam que com a redução no valor do Bolsa Social Inclusão conhecido como “Família Cidadã” a situação ficou ainda pior.

De longe, crianças observam atentamente o trator derrubar uma parede próximo a uma área ocupada por uma das famílias. No meio da confusão, uma pequena garotinha acena em frente a porta de uma casinha humilde,  sem reboco e com um buraco coberto por um lençol. Escorada sobre a parede, ela tenta sussurrar algumas palavras, sem sucesso. Nos olhos dela, a apreensão de uma vida sofrida e sem privilégios. Com as mãos sujas de brincar na terra, ela segura na parede para esticar o pescoço, em mais uma tentativa de balbuciar algumas palavras durante a ação da SUCOM. A imagem da garotinha retrata bem a afirmação de ‘exclusão social’ apontada por moradores da localidade.

Segundo a moradora Priscila Novais, no local existem famílias carentes e a “prefeitura nada faz”. Ela relata ainda que o terreno estava abandonado pelo poder público e que os próprios moradores cuidaram do terreno.

“São famílias que realmente precisam de uma moradia e agora eles querem tirar a gente a força”, diz. E completa:  “Época de política os candidatos entram aqui, visitam nossas casas e falam que vão fazer e acontecer, mas nada fazem! A secretária (Kátia Carmelo) teve aqui dizendo que iria dar três meses de aluguel, aqui ninguém é cachorro para ir e depois passar fome. Se eles  precisam da área, coloquem a gente em  uma moradia digna. Inclusive eu tenho até IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ela quer me arrancar a força”, asseverou Priscila, acrescentando que a SUCOM não soube informar como a prefeitura cobrou o imposto de uma área que foi invadida.

Para ela, ver o trator no local é “terrível”, disse ainda, que eles se sentem “abandonados” pelo poder público.

“Uma cidade dessa rica e a gente se encontra em situação dessas, desesperada parecendo que a gente tá em um lugar completamente diferente: não em Madre de Deus, mas em uma outra cidade sem recurso nenhum”, reclama a moradora.

Com a palavra, a SUCOM

Kátia Carmelo, responsável pelas ações da SUCOM disse ao Bahia Manchetes que o município chegou a oferecer   “aluguel social”, mas eles se recusaram. Ela ressalta que a área foi invadida a um mês por 4 famílias que serão retiradas do local. Ela destaca que as invasoras ameaçaram a integridade física dos próprios filhos quando afirmaram que os colocarão como “escudo” para evitar  a demolição. Segundo ela, todas detinham endereço fixo, antes de resolverem invadir a área pública.

“Trata-se de golpe muito comum em época de eleição, quando alguns tentam auferir ganhos em detrimento do restante da população”, disse. 

Ainda conforme Kátia, a retirada será feita, e as edificações serão demolidas. “Caso coloquem em risco a vida dos próprios filhos, estas poderão ser acusadas – além da acusação de estelionato e esbulho, assumindo as consequências dos atos irresponsáveis”, disse.

Trator derruba parede ao lado de área invadida por família.

 

 

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