A Justiça do Equador decretou nesta segunda-feira (02/10) a prisão preventiva do vice-presidente do país, Jorge Glas, investigado por envolvimento no esquema de corrupção da construtora Odebrecht.
O juiz Miguel Jurado, responsável pelo caso, ainda determinou o embargo de bens e o bloqueio das contas bancárias do político. Ele atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral do Equador, que diz “terem sido encontrados novos elementos de convicção na investigação por associação ilícita”.
“Segundo informações enviadas por autoridades policiais, é possível interpretar que há risco de fuga”, argumentou o procurador-geral do país, Carlos Baca Mancheno, em entrevista coletiva após a audiência da Corte Nacional de Justiça equatoriana nesta segunda-feira.
Jurado também decretou a prisão preventiva de Ricardo Rivera, tio do vice-presidente, acusado do crime de associação ilícita para obter vantagens em contratos concedidos à empreiteira brasileira.
Rivera já se encontra em prisão domiciliar, pois tem mais de 65 anos, mas a Procuradoria-Geral solicitou que ele fosse enviado a um centro de detenção, “argumentando vulnerabilidade da prisão domiciliar e potencial risco de fuga”, escreveu a Procuradoria-Geral em nota.
Glas, que sempre negou as acusações, reagiu à decisão da Justiça afirmando que está sendo preso “sem provas” e com “indícios forjados”. “Acato sob protesto esta infame atrocidade contra mim. Ainda tenho fé na Justiça, diante dela provarei minha inocência”, escreveu o vice-presidente no Twitter. “Vou recorrer nas instâncias nacionais e internacionais para me defender.”
O vice-presidente foi afastado de suas funções no início de agosto pelo presidente do Equador, Lenín Moreno, por conta de seu suposto envolvimento no escândalo de corrupção da Odebrecht.
Semanas mais tarde, a Assembleia Nacional equatoriana autorizou que Glas se tornasse alvo de investigação penal pelo crime de associação ilícita no caso que envolve o pagamento de propinas pela empreiteira. A decisão foi tomada por unanimidade entre os 128 membros presentes na sessão de 25 de agosto.
O engenheiro José Conceição Filho, ex-diretor da Odebrecht no Equador, disse em depoimento concedido para o Ministério Público Federal do Brasil que pagou pelo menos 14,1 milhões de dólares de propina entre 2012 e 2016 para Glas.
Entre 2010 e 2012, o atual vice ocupou o cargo de ministro dos Setores Estratégicos do Equador, uma pasta que foi responsável por grandes projetos de infraestrutura durante o governo de Rafael Correa. Entre eles estão a Refinaria do Pacífico e a Hidrelétrica Manduriacu, que renderam centenas de milhões de dólares para a Odebrecht.
O escândalo Odebrecht foi revelado em dezembro do ano passado, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que a empreiteira pagou cerca de 788 milhões de dólares em propinas em 12 países, entre eles o Equador.
O relatório mostrou que somente no país, entre os anos de 2007 e 2016, a construtora desembolsou propinas no valor de mais de 35 milhões de dólares a funcionários do governo equatoriano.
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