A dona de casa Natália Oliveira, de 21 anos, acusa a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Irecê, no norte da Bahia, de negligência médica, após o marido dela morrer por complicações provocadas por um diagnóstico tardio de apendicite.
De acordo com a jovem, o operador de máquinas Romilson Lima de Araújo, conhecido como Erick, de 24 anos, foi atendido 4 vezes na unidade de saúde, sentindo os sintomas de apendicite, durante uma semana, antes de ser transferido para o Hospital Regional de Irecê, onde uma tomografia constatou a doença.
Conforme a dona de casa, o jovem chegou a ser submetido a uma cirurgia no hospital, mas entrou em coma após o procedimento, e não resistiu à gravidade da inflamação. O jovem morreu na segunda-feira (28), 6 dias após a transferência e cerca de 15 dias após procurar a UPA pela primeira vez.
A jovem diz que pediu duas vezes para que o marido fosse transferido para o hospital, ao longo das idas à UPA, mas não foi atendida pelos médicos que prestaram atendimento a Romilson Lima. Segundo a dona de casa, os profissionais alegaram que o jovem estava apenas com gases.
“Ele sentia muita dor. Eu entrei na sala de atendimento com ele e pedi a transferência. O médico olhou pra minha cara e disse que não era caso de ir para o [Hospital] Regional. Falou que a gente voltaria da porta, porque lá eram casos mais graves. Disseram que eram gases, passaram algumas medicações para gases e mandaram ele para casa”, contou Natália Oliveira.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de Irecê, juntamente com a direção da UPA, informou que o jovem foi atendido por três médicos em plantões diferentes e que, de acordo com os plantonistas, os resultados dos exames clínicos internos e ultrassonografia realizados no paciente não sinalizaram qualquer inflamação aguda do apêndice.
Também em nota, a secretaria informou que o Hospital Regional de Irecê tem critérios próprios para acolher os seus pacientes e que os resultados iniciais dos exames não indicavam condições para transferência. Ainda em nota, a secretaria informou também que os profissionais de saúde da UPA cumpriram criteriosamente todos os procedimentos técnicos adequados ao caso.
A secretaria afirmou também que se solidariza com a família do jovem e coloca-se à disposição para todos os esclarecimentos e acompanhamento ao caso, para que o mesmo seja esclarecido à luz da verdade e da justiça, e que condena qualquer ato de exploração indevida deste fatídico caso em que a UPA, enquanto equipamento público de saúde, ofereceu todas as condições que estavam ao alcance do que se propõe.
Romilson Lima foi enterrado na terça-feira (29), em Irecê. O jovem deixa uma filha de 2 anos, fruto do relacionamento de quatro anos com Natália, que está abalada com toda a situação. “Fiquei muito abalada e não consegui ficar em Irecê. Vim para a casa dos meus pais, em Itaguaçu da Bahia, uma cidade próxima”, desabafou.
Comoção
Familiares e amigos do de Romilson usaram as redes sociais para homenagear o jovem e protestar contra a suposta negligência. “Sentimento de dor e muita revolta”, escreveu uma amiga. “Não se pode deixar ser apenas mais um caso de negligência médica, tem que ser feito algo para punir os causadores dessa tragédia”, disse outro. “Você vai deixar muitas saudades. Vai com Deus!”, escreveu um terceiro.
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