Um adolescente de 15 anos morreu após ser baleado na cabeça em uma ação da Polícia Militar, no bairro do Caminho de Areia, na Cidade Baixa, em Salvador.
Em nota, a PM disse que o garoto fazia parte de um grupo de suspeitos que trocou tiros com agentes durante uma ronda na região. Contudo, a família do menino nega e denuncia truculência dos policiais. O caso está sob apuração da Corregedoria da corporação.
A ação ocorreu na noite da última sexta-feira (13). De acordo com a tia de João Guilherme Santos da Mota, Cintia Monteiro, o menino estava comendo pizza na porta da casa do melhor amigo, quando policiais militares da 17ª Companhia Independente (CIPM) chegaram atirando. Com medo, o menino correu e, ao ser abordado em um beco da região, foi baleado.
“Todo mundo se assustou, até pessoas que estavam passando no local correram. Eles [os policiais] já entraram na rua atirando. Quando ele [João Guilherme] correu e entrou no beco já tinha um policial esperando no final”.
Após a ação, o menino foi socorrido e levado para o Hospital do Subúrbio, onde ficou internado por três dias. O garoto teve morte encefálica atestada na segunda-feira (16). A família doou os órgãos dele. Na terça-feira (17), João Guilherme foi enterrado no Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador.
Segundo Cintia Monteiro, o resultado da necrópsia também saiu na terça-feira e aponta que o menino foi atingido de frente. Conforme a tia de João Guilherme, a bala atingiu o rosto dele e saiu na nuca.
O menino era filho único e morava com os pais no Caminho de Areia. Segundo a tia, ele estava na no 9ª ano do ensino fundamental e trabalhava na porta de casa como lava jato para juntar dinheiro para comprar uma motocicleta quando completasse 18 anos.
“Ele [policial] não tinha o direito de tirar a vida do meu sobrinho. Meu sobrinho não era nenhum bandido. Ele estudava. Pediu para comprar um lava jato e ficava na frente de casa”.
Cintia Monteiro contou ainda que até esta quarta-feira a PM ainda não havia acionado os familiares para falar sobre o caso. A família contratou um advogado e, segundo a tia de João, busca justiça pela morte do menino.
“Ninguém teve a consideração, o respeito de procurar a gente. Nós que estamos tomando nossas providências, porque o padrinho dele também é coronel da Polícia Militar”.
Com a palavra, a PM
Em nota divulgada ao G1, a Polícia Militar diz que agentes da 17ª CIPM faziam rondas na região, por volta das 23h, quando vários indivíduos efetuaram disparos de arma de fogo contra a guarnição.
Conforme o comunicado, houve revide, e assim que cessaram os disparos, os policiais militares encontraram um dos suspeitos ferido, que foi socorrido e levado para o hospital pelos agentes.
Segundo a nota, com o garoto, foram apreendidos um revólver calibre 32, um aparelho celular, uma balança, oito papelotes de maconha, uma porção média de maconha, 20 pedras de crack, duas ampolas de lança-perfume e R$7.
Na nota, a Corporação diz ainda que a ocorrência foi registrada na Corregedoria da PM.
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