Jungmann diz que memorando da CIA não afeta “prestígio” das Forças Armadas

A polêmica se deu diante da divulgação de um memorando escrito em abril de 1974 por William Colby, então diretor da (CIA).

Jungmann diz que memorando da CIA não afeta "prestígio" das Forças Armadas (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

BRASÍLIA – O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira, 11, que a divulgação de documentos da CIA de 1974, que acusam o ex-presidente Ernesto Geisel de ter endossado a execução de presos políticos durante a ditadura militar, não afeta o “prestígio” das Forças Armadas. Ex-ministro da Defesa, Jungmann disse que o governo ainda não teve acesso ao documento de forma oficial, mas afirmou que alguma medida deve se tomada. O documento, em inglês, pode ser acessado pela internet.

“O governo não tem conhecimento desses documentos, não estamos desconsiderando (o documento da CIA), mas precisamos ter acesso de forma oficial. O prestígio das Forças Armadas permanecem nos mesmo níveis. As forças armadas são um ativo democrático, isso não é tocado por uma reportagem”, afirmou.

A polêmica se deu diante da divulgação de um memorando escrito em abril de 1974 por William Colby, então diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, no qual ele afirma que o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) decidiu manter a política de “execução sumária” de opositores do regime militar praticada pelos órgãos de segurança durante a presidência de Emílio Garrastazu Medici (1969-1974).

“Tem de ler com bastante profundidade esse documento e não ficar só na manchete, né? Esse ano é um ano eleitoral, uma eleição que vem com pesquisas…foram publicadas várias notícias de que um número maior de militares está participando nessa próxima eleição. Então tem tudo isso aí. Tem que ver também interesses políticos nesse tipo de divulgação […] Tem que ver o contexto político em que isso aí está colocado”, afirmou.

O Departamento de Estado Americano tirou do memorando a classificação de confidencial em 2015, ao lado de outros 404 documentos envolvendo oito países da América do Sul. Eles cobrem o período entre 1973 e 1976, durante as presidências dos republicanos Richard Nixon e Gerald Ford. Foi descoberto pelo pesquisador Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV). O memorando tem o número 99 e é da gestão Nixon.

O assunto do documento é descrito como “decisão do presidente brasileiro Ernesto Geisel de continuar a execução sumária de perigosos subversivos sobre certas condições”. O primeiro parágrafo do memorando, com sete linhas, não foi desclassificado pelo Departamento de Estado. É provável que ali estivesse a descrição sobre quem seria a fonte da informação que Colby repassava a Kissinger. Com informações do Estadão.

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