Grávida de 8 meses perde bebê e acusa médico de negligência em Madre de Deus

Mesmo com fortes dores grávida foi liberada em Hospital de Madre de Deus.

Hospital de Madre de Deus realizou mais de 12,5 mil atendimentos nos últimos 3 meses

Grávida de oito meses, Luana Émile Barbosa, de 22 anos, procurou o Hospital de Madre de Deus, na madrugada do dia 17 de junho, reclamando de fortes dores. Ela foi liberada pelo médico, mas voltou pela manhã com um quadro grave, e o bebê, que se chamaria Samuel , morreu logo após o nascimento.

Para ela, a conduta do médico pode ter levado à morte do feto, e acusa o responsável pelo atendimento de negligência. Indignada, ela pede Justiça: “Eu imaginei o rosto do meu filho, imaginei o futuro que eu iria dar pra ele, e hoje não posso fazer nada disso. Por um simples fato que poderia ter sido evitado”. Segundo ela, o médico verificou os batimentos cardíacos da criança, prescreveu um medicamento e a mandou pra casa. Luana relata ainda que o profissional de saúde não deveria ter feito isso.

“Invés dele ter feito exame de toque, ele me passou um remédio, que deixou minha vista turva.  Ou seja, eu não senti as contrações. Só senti, quando despertei pela manhã”, disse Luana ao Bahia Manchetes na tarde desta segunda-feira (12). Ela aponta que o bebê ainda tinha batimentos cardíacos  quando deu a luz, mas a criança não resistiu e morreu.  Ainda conforme Luana, aconteceram outros problemas envolvendo o mesmo médico.

“Ele chegou a ser displicente com um bebê e uma mãe, chegou a enterrar a mãe com o bebê dentro da barriga. Aí eu pergunto as autoridades, como é que deixa um médico que está respondendo a um processo em um local, atender aqui na unidade,  colocando a vida de outras pessoas em risco. Se eu tivesse um médico competente que fizesse exame de toque em mim, iria ver que eu estava tendo deslocamento de placenta e iria me encaminha para um posto próximo que pudesse atender bebês prematuros e eu estaria com meu filho” , afirma.

“As pessoas podem falar pra mim que sou nova, que posso ter outro filho, porém, o meu filho não é um papel, não é uma caneta que eu comprei uma errada que amassou e posso comprar outro” , lamenta.  

Luana ressalta que espera que a Secretaria Municipal  de Saúde possa apoia-lá assim como tem feito o Hospital administrado pelo Instituto de Gestão Saúde e Tecnologia. Ela aponta que a Unidade errou ao não pesquisar o histórico do médico, mas tem oferecido todo suporte.

A família também acredita que a demora  para realizar os procedimentos resultou na perda da criança. Segundo relato da sogra, Silvia Regina,  Luana perdeu muito sangue e correu risco de morte.

“Tudo que agente espera é que não aconteça mais isso, que tanto o município, quanto a direção do Hospital, procure tomar providências para que outras crianças não venha a óbito”, diz. E completa: “Precisamos buscar força em Deus para lutar por outras pessoas que não podem, e não tem como se defender. Então a nossa voz hoje é em defesa de outras crianças que virão. Para o que aconteceu com Samuel, não venha acontecer com elas”, disse.

A cunhada de Luana, Andréa Santos, reforçou que o médico responde por negligência em outro município, e que, após a mãe dela fazer um publicação numa rede social,  diversos moradores reclamaram do profissional de saúde na cidade. Para ela, a unidade de saúde errou ao não exonerar o médico mesmo após receber queixas de outras gestantes. Com olhos marejados e a voz embargada, Andréa tentava segurar às lágrimas ao lembrar do drama que a família passou.

“É difícil pra todo mundo! No dia mesmo do enterro… A gente olhando pra ele assim, uma criança linda, uma criança…  Por mais que fosse de 8 meses, ele era perfeito”,disse Andréa com a voz embarda.

Ela acresenta que “o médico não deu nenhuma oportunidade” para Samuel viver.

“Ele [médico] podia internar ela, ele podia avaliar, se ele visse que ela não teve nenhum resultado, ele podia encaminhar a gente pra Salvador, que a gente fazia de tudo pra levar, mesmo que o Hospital não desse um suporte a gente levaria. E lá, ela teria um suporte para uma criança no estado dele, mas ele não deu chance alguma para meu sobrinho viver”, repetiu.

O Hospital Municipal abriu uma sindicância interna para apurar a morte da criança e o médico foi afastado. O caso está sendo investigado pela polícia civil. O Bahia Manchetes entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestações.

 

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