Festival que celebra aniversário de Hitler gera polêmica na Alemanha

Mais de 800 pessoas são esperadas no “Shield and Sword” (Escudo e Espada, em inglês), que deve reunir alemães, poloneses e tchecos.

© Fournis par RFI

Um evento comemorando o aniversário de Hitler acontece nesta sexta-feira (20) na cidade de Ostritz, na Alemanha. Apesar do caráter sombrio do festival, os organizadores se apoiam no direito de se manifestar e estão dentro da lei.

Mais de 800 pessoas são esperadas no “Shield and Sword” (Escudo e Espada, em inglês), que deve reunir alemães, poloneses e tchecos. O evento vai ocorrer numa propriedade privada de um dos membros do partido de extrema-direita NPD e tem no programa espetáculos de artes marciais, shows e discursos políticos.

Oficialmente, o evento não passa de um “festival de música” um pouco controverso, com participantes que se reivindicam “nacionalistas” e “patriotas”, e que ocorre no dia do aniversário de Adolf Hitler, ditador nascido em 20 de abril de 1889 cujos atos de terror ainda não cicatrizaram na memória da Europa. De acordo com os organizadores, isso é apenas um acaso.

É sob essa fachada que os organizadores – sendo um deles Thorsten Heise, membro do NPD – conseguiram permanecer dentro da legislação, já que na Alemanha a incitação ao ódio racial e a apologia ao crime contra a humanidade são punidas.

Segundo a legislação alemã, somente após o fim do festival é que a justiça poderá abrir uma investigação para verificar se, durante o evento, houve a prática de gestos proibidos como a saudação nazista ou discursos fazendo referência ao regime instaurado por Hitler.

Falha na democracia

A possibilidade de organizar um evento dessa natureza representa uma falha na democracia para Hélène Miard-Delacroix, professora da Sorbonne e especialista da Alemanha contemporânea. “Antes que o festival aconteça, nada pode ser feito, já que a Alemanha é um Estado de direito, onde os cidadãos são livres para se manifestar”, afirmou em entrevista ao Huffington Post.

Com o anúncio do festival, diversas cidades da região iniciaram uma luta para que o evento fosse cancelado. “Não queremos e não precisamos de um festival de extrema-direita aqui! Nem em Ostritz, nem em qualquer outro lugar! Aqueles que ignoram os Direitos Humanos, que lutam contra a democracia e contra a diversidade não são bem-vindos aqui”, argumentaram os prefeitos em um comunicado.

A alemã Sascha Elser, porta-voz do movimento “Rechts Rockt Nicht”, também se manifestou contra a festividade. “Se podemos nos reunir e celebrar o aniversário de Hitler sem problema, isso mostra claramente que nossas leis e nossa sociedade estão doentes”, disse. Com informações de RFI.

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