Após morte de artista plástico por PM, moradores fazem caminhada com caixão em Candeias

Polícia Militar alega que ele disparou contra a guarnição, mas o revólver falhou.

Parentes e amigos carregam caixão de artista plástico morto em Candeias (Foto: Anna Valéria/ TV Bahia)

Moradores de Candeias, na região metropolitana de Salvador, fizeram uma caminhada na tarde deste domingo (22) e lotaram a missa realizada na igreja da cidade, após a morte do artista plástico Arnaldo Filho, conhecido como “Nadinho”, querido pela comunidade.

Com emoção e revolta, eles levaram quadros do artista e carregaram o caixão até a igreja, onde é realizada uma missa de corpo presente. O enterro deve acontecer no Cemitério Recanto da Saudade, logo após a cerimônia religiosa.

Morte

Arnaldo morreu após ser baleado dentro de casa, na noite de sábado (21). Segundo os familiares da vítima, policiais militares entraram na casa dele em busca por um suspeito e já chegaram atirando no homem, que estaria desarmado.

A Polícia Militar alegou que ele portava um revólver e disparou contra a guarnição, da janela de casa, mas a arma falhou. A Corregedoria da instituição apura o caso.

Nas redes sociais, vários moradores da cidade manifestaram pesar e revolta com a morte. A comunidade Nossa Senhora Virgem dos Pobres, da paróquia da Nossa Senhora das Candeias, e a prefeitura da cidade divulgaram notas de pesar contra o crime.

“Agradecemos imensamente o tempo que pudemos conviver com ele em comunidade, que será sempre lembrado pelo profissionalismo, honestidade, lealdade, inteligência, competência e sensilidade”, diz um comunicado no Facebook.

“Nadinho teve sua vida interrompida de forma brusca, mas sua história não se apagará. Há pouco tempo, em um bela exposição na praça, retratou através de suas mãos a história de nossa cidade, como visto neste quadro abaixo, da estação, e que fazemos questão de homenagear”, afirma o comunicado da prefeitura no perfil oficial também do Facebook, que postou fotos da exposição do artista.

A sobrinha de Arnaldo, Scheila Alves do Santos da Hora, disse que o tio estava em casa, desenhando, quando teve a casa invadida por policiais.

“Por volta das 20h de ontem [sábado, 21], teve um arrastão na Rua 13 de maio e invadiram casas de pessoas para procurar suspeitos. Meu tio é artista plástico e estava desenhando. Ele estava dentro, com a casa fechada. Na visão dos policiais, tinha um suspeito dentro da casa. A polícia já chegou atirando. Meu tio tem 61 anos, não tem nenhuma passagem pela polícia. É conhecido por toda a cidade e a cidade está mobilizada com esse fato”, lamenta.

Ela afirma que o tio dela não tem arma e que os policiais teriam atirado mesmo sob protesto dos vizinhos. “Os moradores gritaram dizendo que ele era um homem de bem e atiraram”, diz. Depois de baleado, o artista plástico chegou a ser levado para uma unidade médica, mas não resistiu aos ferimentos.

A família tentou registrar a morte por meio de um boletim de ocorrência na delegacia, mas não conseguiu. O corpo do artista plástico foi levado para o Departamento de Polícia Técnica de Salvador (DPT), onde passa por perícia.

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